Categoria argumenta que negocia há 102 dias pautas como reajuste de 11% no salário dos rodoviários, 20% no ticket alimentação e 100% na cesta básica, ‘dentre outras solicitações’.
Rodoviários que trabalham no transporte metropolitano nas cidades vizinhas de Salvador (RMS) e da Linha Verde decretaram greve, por tempo indeterminado, nas primeiras horas desta quarta-feira (13). A categoria argumenta que negocia há 102 dias pautas como reajuste de 11% no salário dos rodoviários, 20% no ticket alimentação e 100% na cesta básica, “dentre outras solicitações”.
A greve foi anunciada na terça-feira (12). De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários da Região Metropolitana (Sindmetro), 1,8 mil rodoviários aderiram ao movimento e cerca de 300 ônibus estão parados nas garagens desde as 0h desta quarta.
“Não é o intuito dos rodoviários fazerem movimento paredista e tirar o direito de ir e vir das pessoas, mas haja vista que de 4,5 mil trabalhadores, hoje restam 1,8 mil, dos 500 ônibus só restaram cerca de 300, os cobradores hoje já não existem mais… Nós não tivemos outra alternativa a não ser fazer esse movimento paredista”, disse o diretor de imprensa do sindicato do Sindmetro, Catarino Fernandes.
Apenas os rodoviários das empresas Expresso Metropolitano e Brisa, que operam nas cidades de Simões Filho, Dias D’Ávila e Mata de São João, operam normalmente porque não são associados do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários da Região Metropolitana (Sindmetro).
A greve dos rodoviários das empresas Atlântico, Avanço, ATP, Costa Verde e Expresso Vitória afetam as cidades:
- Lauro de Freitas;
- Candeias;
- Madre de Deus;
- São Francisco do Conde;
- São Sebastião de Passé;
- Camaçari – Parte da costa da cidade (Abrantes, Jauá, Arembepe, Monte Gordo, Barra de Pojuca e Guarajuba);
- Mata de São João ( Praia do Forte).
Em Salvador, a greve dos rodoviários metropolitanos causa impactos na estação Aeroporto.
A última vez que os rodoviários metropolitanos fizeram greve foi em novembro do ano passado. O movimento foi encerrado horas depois após acordo entre a categoria e as empresas.
Transporte metropolitano
Mais de 3 milhões de pessoas são transportadas mensalmente em 80 linhas que compõe o sistema rodoviário metropolitano feito por ônibus urbano.
As linhas atendem a sete cidades que ficam na Região Metropolitana de Salvador. 63 linhas fazem integração com o metrô da capital baiana. O sistema metropolitano também tem sistema de bilhetagem eletrônica, conhecido como “metropasse”.
O “metropasse” é o cartão eletrônico recarregável utilizado pelos moradores das cidades que ficam na região metropolitana. Ele permite que as pessoas façam integração das linhas metropolitanas com o metrô e ônibus urbano da Integra, durante um período de três horas.
Com isso, é possível combinar a viagem de ônibus metropolitano com o metrô e também de ônibus metropolitano, metrô e ônibus urbano, pagando apenas o valor da tarifa do ônibus metropolitano.
A tarifa varia entre R$ 4,80 a R$ 9,90. O transporte metropolitano é autorizado mediante a concessão ou permissão da Agerba, e as empresas devem ter cadastro, licenças e frota de veículos vistoriada, para manter a operação.
Crise no transporte metropolitano
Em 24 de janeiro de 2022, a empresa Viação Sol de Abrantes (VSA) encerrou as operações em oito linhas que atendem as cidades de Candeias, Camaçari e Simões Filho. Os passageiros foram pegos de surpresa e tiveram dificuldade para fazer deslocamentos.
Já no dia 14 de março de 2022, os ônibus da empresa Bahia Transporte Metropolitano (BTM), que circulavam entre as cidades de Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari, amanheceram sem rodar por falta de combustível. Sem o óleo diesel, cerca de 40 ônibus – que faziam 19 linhas – não saíram das garagem e a empresa decretou falência.
A licitação para renovação de frota dos ônibus que operam o Sistema Rodoviário Metropolitano chegou ser prevista em 2017 e depois, em 2019, mas não aconteceu.
Já em 2023, a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) informou que, o processo não chegou a acontecer por causa da pandemia da Covid-19 e do aumento considerado dos custos.
De acordo com a agência reguladora, todo o processo vai precisar ser revisto para adequar à nova realidade. A Agerba disse ainda que tem discutido com o Ministério Público da Bahia (MP-BA) alternativas para o subsistema metropolitano, enquanto novos estudos para a licitação ficam prontos.
Foto: Ascom/Lauro de Freitas