Neste mês de outubro, em que é celebrado o Dia Mundial da Obesidade e Dia Nacional de Prevenção da Obesidade (11 de outubro), o Serviço de Cirurgia Bariátrica do Hospital Municipal de Salvador (HMS), lançado em meio à pandemia da Covid-19, completou dois anos de funcionamento no domingo (30). Para incrementar o serviço, o HMS, situado em Boca da Mata, na região de Cajazeiras, montou um fluxo interno de atendimento integral ao paciente.
Mensalmente são realizadas 20 cirurgias para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), encaminhados pela Central de Regulação Municipal. O serviço vai além da intervenção cirúrgica, feita de acordo com padrões internacionais de elegibilidade, incluindo assistência multidisciplinar.
Após o procedimento, o paciente continua sendo monitorado pelos mesmos profissionais da equipe multidisciplinar, coordenada pelo médico Creilson Campos, sendo realizados todos os exames laboratoriais e complementares necessários.
“Equipamos o Hospital Municipal de Salvador com o que há de mais moderno no país, para realização de cirurgia bariátrica. Temos uma equipe extremamente qualificada, referência nesse tipo de procedimento, além da estrutura hospitalar necessária para garantir a realização dos procedimentos cirúrgicos, de forma resoluta e segura”, explicou o secretário municipal da Saúde, Decio Martins.
De acordo com o diretor do HMS, Gustavo Mettig, os números traduzem a alta procura pelo serviço no hospital. “O início foi em 2020, com o ambulatório e, em dezembro daquele ano, seis cirurgias já haviam sido realizadas. O projeto prevê até 20 cirurgias por mês e, não fosse a pandemia, teríamos feito muito mais”.
Até a última quarta-feira (26), a unidade hospitalar, gerida pela Santa Casa de Misericórdia da Bahia, já havia realizado 392 cirurgias e quase 12 mil atendimentos ambulatoriais. “Há uma população carente do serviço. Desde que a pandemia diminuiu, mantemos a média de 20 procedimentos ao mês. A procura sempre se manteve alta”, destaca o diretor.
Alta demanda – O cirurgião e membro da equipe, Bruno Varjão, afirma que o crescimento da demanda pelo serviço se dá, principalmente, pelo aumento de casos de obesidade, segunda causa de morte evitável no mundo. “Se o paciente elegível tem desejo manifesto, há indicação de cirurgia. Do ponto de vista de saúde pública, a obesidade é uma epidemia. Temos de 3 a 5 por cento da população baiana com obesidade mórbida. Só em Salvador, são de 450 a 600 mil pessoas elegíveis para bariátrica e apenas o HMS e o Hospital das Clínicas operam via SUS, na capital”, revela.
Sobre os benefícios da bariátrica, ele lembra o caso de uma paciente que entrou na mesa de cirurgia e teve a expectativa de vida aumentada em nove anos. “Os números são muito expressivos, com mais de 90 por cento de resolução, nos casos de hipertensão e de 75 por cento, nos de diabetes. Em até seis meses, muitos pacientes deixam de usar medicação de uso contínuo. Tem resultado e tem benefício”, diz o especialista.
Saúde e segurança – A marisqueira Maiara Costa, de 32 anos, aguardava por cirurgia, na manhã da última quarta-feira (26), no HMS. “Em janeiro fiz a primeira consulta e comecei a fase de preparação. Foi muita ansiedade e choro, mas hoje estou aqui. Sou pré-diabética com problemas de articulação, então pensei principalmente na minha saúde”, disse, emocionada.
A irmã dela, Sheila Capinam, acompanhou todo o processo, desde o início. “O atendimento aqui é perfeito, desde a marcação até a cirurgia, todos foram acolhedores, não deixaram nada a desejar. Tiraram as dúvidas, fizeram entrevistas, on-line e presenciais, com todo mundo que está apoiando Maiara, disseram o que podia e o que não podia, então me senti muito segura para passar essa segurança a minha irmã também”.
Recuperação – Além da perda de peso, a cirurgia bariátrica costuma ajudar o paciente na recuperação da própria saúde, em relação às condições médicas normalmente associadas ao excesso de peso, como a diabetes e a hipertensão arterial. Todo atendimento voltado para a realização do ato cirúrgico deve ser indicado, previamente, através de atendimento na rede básica.
O paciente com indicação para o procedimento passa antes por uma equipe multidisciplinar, para verificar se o caso atende aos critérios necessários para realização da cirurgia. Em caso afirmativo, começa a preparação, com a realização de exames pré-operatórios.
A cirurgia é recomendada para pacientes a partir de 16 anos – mediante autorização dos pais, em caso de menor idade – até os 65 anos, sem restrições. Para as pessoas acima de 65 anos, é feita uma avaliação individual. Além disso, os pacientes com IMC (índice de massa corpórea) acima de 30 também estão aptos, desde que apresentem comorbidades, ou intratabilidade clínica da obesidade, apresentando documentação.
Após este período e por indicação da equipe, o paciente tem o procedimento agendado. A cirurgia dura cerca de 90 minutos, através de videolaparoscopia, com pequenas inserções em locais pontuais, e sem “abrir” o ventre do paciente. O acompanhamento pós-operatório tem duração aproximada de seis meses, ainda sob orientação da equipe multidisciplinar do HMS.
Foto: Lucas Moura/Secom