Elevar os preços nas bombas antes do reajuste da Petrobras entrar em vigor é uma prática abusiva, ilegal e especulativa
Quando foi ministro da Economia, no governo Itamar Franco, enquanto o Plano Real era lançado e sofria resistências, Ciro Gomes disse uma frase que causou grande polêmica sobre a cobrança de ágio nas vendas de carros: “Quem cobra é ladrão, quem paga é otário”. A frase foi forte, mas fez o Brasil inteiro parar para refletir.
Naquele ano de 1994, o Brasil teve um superávit de 3,3% do PIB, o Plano Real deu certo, Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente da República, e o País passou a ter uma moeda forte. Já o autor da frase nunca mais foi aceito pelo mercado financeiro e pelos principais setores econômicos do Brasil.
Se o então ministro Ciro Gomes tinha ou não razão, os números mostraram os resultados positivos com a duração do Plano Real, moeda oficial brasileira até os tempos atuais, sobrevivendo a diversos governos e desgovernos. Mas em meio a tantas idas e vindas da economia nacional, o povo brasileiro seguiu pagando ágio, num País com tanta gente corruptível.
Nesta semana que findou, os consumidores foram novamente surpreendidos com cobranças pelo menos cabulosas. A Petrobras anunciou reajustes dos combustíveis nas refinarias que valeria para as transações com as distribuidoras a partir da última sexta-feira (11/03). No entanto, ainda com estoques antigos, muitos postos de combustíveis repassaram os reajustes aos consumidores, mesmo não havendo a renovação de estoque e nem tendo o indicador da Agência Nacional de Petróleo.
Aparentemente houve a cobrança de ágio ou de reajuste antecipado o que configura “prática abusiva e especulativa”, e, mesmo assim, quem precisou abastecer o tanque do veículo teve que pagar um novo preço pelo litro de combustível. Nos postos de abastecimentos existiam grandes filas de consumidores angustiados e até revoltados, mas não havia nenhum representante de poder que pudesse conter a disparada dos preços. A quem recorrer?