Aécio derrete no PSDB
O sonho acabou para um já enfraquecido Aécio Neves dentro do PSDB. Eduardo Leite era seu PPP – o Projeto Pessoal-Político do deputado federal mineiro. Foi Aécio quem lançou o governador e o tirou dos pampas, com apoio de deputados mineiros do seu grupo, para tentar manter-se no Poder, contra o fortalecimento do governador João Doria Jr, agora oficialmente o presidenciável do PSDB. Aécio ainda sonhava com o Palácio do Planalto daqui a alguns anos, e o gaúcho, se presidenciável, era seu passaporte para articulações. Leite derramado no ninho, Aécio derretido no partido. O deputado perde apoio na legenda e de aliados fora dela.
Fazendo as contas
Na disputa presidencial o eleitorado começa a fazer as contas para o ano que vem. Os petistas e aliados roubaram muito mesmo? Porque o presidente Bolsonaro se aliou aos políticos dos partidos que mais desviaram recursos nas últimas décadas, como o bloco formado pelo famigerado Centrão, que rapinou o Brasil desde os governos Lula, Dilma e Temer? Se Sérgio Moro foi justo nas suas sentenças contra os petistas, pepistas, emedebistas e liberais que acabaram em cana e com seus bens confiscados? Porque nas instâncias superiores tantas decisões foram revistas depois de anos, em favor dos infratores e porque a impunidade aumentou?
Munição
Possíveis futuros adversários de Bolsonaro em 2022 – como Lula, Sérgio Moro e Ciro Gomes – têm direcionado seus discursos e entrevistas à fragilidade econômica do atual governo (inflação, desemprego, reveses no Congresso, etc). Esse será o mote das campanhas no próximo ano. Diferente de 2018, quando os embates foram travados em torno de segurança pública, agenda de costumes e cabo de guerra ideológico.
Moderação
O presidenciável Rodrigo Pacheco (PSD-MG) tem seguido e vai continuar seguindo à risca os conselhos de estrategistas que o preparam para a disputa em 2022. A orientação ao presidente do Congresso Nacional é se distanciar da polarização e dos discursos acirrados – entre petistas e bolsonaristas – e manter imagem de moderador.
Reserva
Depois de se filiar ao Podemos, o ex-ministro do governo Bolsonaro, general Carlos Alberto Santos Cruz, terá uma missão estratégica na legenda: recrutar colegas da reserva para integrar o exército da campanha de Sérgio Moro. Tem tido êxito nas conversas e nos próximos dias apresenta a lista de nomes de ex-bolsonaristas que vão marchar junto com o ex-juiz da Lava Jato na disputa à Presidência.
Cantilena
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), dá o tom de como será a campanha contra Moro. Sobre a defesa do ex-juiz de necessidade de geração de empregos, a petista, rançosa, rebate: “Foi ele com a Operação Lava Jato que destruiu 4,4 milhões de empregos e inviabilizou investimentos”.
Pedágio
O deputado José Nelto (Podemos/GO) quer tornar obrigatório o pagamento da tarifa de pedágio por meio de PIX, cartão de débito ou crédito. Justifica, no Projeto de Lei 4112/21, que uma das vantagens da medida é a segurança: “É inegável que andar com dinheiro em espécie, em mãos, acaba expondo a pessoa a um risco muito maior”.
Deltan vem aí
Ex-procurador chefe da Operação Lava Jato no MPF, Deltan Dalagnol vai estrear na política após fazer mistério com seu desligamento da categoria. É ele uma das estrelas nacionais a se filiar no Podemos de Sergio Moro, enquanto o ex-juiz faz mistério com Alvaro Dias.
Bolsa-Detento
O Brasil é um país pitoresco. Dentre tantos setores atingidos com cortes por causa da pandemia do Covid-19, uma rubrica do Governo não sofreu um centavo de contingenciamento, tampouco alteração na lei para alívio nos cofres: o auxílio-reclusão, o famigerado “Bolsa-Presidiário”. Nos últimos seis anos, o Governo bancou estupendos R$ 3,6 bilhões para benefícios mensais pagos a familiares de detentos.
É a Lei
É de uma lei de 1960 e amparado numa lógica que afronta o cidadão de bem: para ser beneficiário, o criminoso precisa ser de baixa renda (teto de ganho de R$ 1.503,25 por mês), e ter contribuído com o INSS nos 24 meses antecedentes à prisão em regime fechado – os bandidos fazem planejamento cientes de que terão a verba pública para a família em caso de “cana”.
Opções
O Republicanos, partido ligado à Igreja Universal e presidido pelo deputado Marcos Pereira, anunciou ontem que a sigla não deve lançar candidaturas a governador nas eleições de 2022, segundo o jornal O Globo. Segundo o jornal, a legenda se concentrará em eleger o maior número de deputados e senadores para aumentar os valores que recebe por meio do fundo eleitoral. Diante disso, uma saída para o ministro João Roma, que deve disputar o governo da Bahia, é se filiar a outra legenda, como o PL, provável destino do presidente Jair Bolsonaro. Inclusive, a possibilidade de Roma procurar novo abrigo já vem sendo ventilada nos bastidores há algumas semanas.
Debandada
Em setores do grupo do prefeito ACM Neto (DEM), a expectativa de que o MDB pode debandar para o lado do senador Jaques Wagner (PT) é considerada quase certa. Para eles, o único político que resiste à aproximação com o grupo do governo é o presidente da Câmara Municipal, Geraldo Jr., para quem ficar com o ex-prefeito para disputar a sucessão estadual é a melhor opção.
Aproximação
No governo estadual, por outro lado, a avaliação é de que uma aproximação com os emedebistas para garantir apoio à candidatura de Jaques Wagner só deve ocorrer a partir do próximo ano, provavelmente no segundo trimestre, quando o grupo já terá estruturado o time para a disputa e deverão surgir vagas para os novos aliados, como os do MDB.
Cicerones
No mesmo grupo do ex-prefeito ACM Neto (DEM) ainda não está definido quem será responsável por ciceronear o ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) em suas andanças pela Bahia. Moro decidiu que fará um périplo pelo Nordeste provavelmente ainda em dezembro com o objetivo de divulgar sua candidatura à Presidência da República numa faixa do eleitorado que permanece fiel ao ex-presidente Lula.
Fake news
Foi com esta frase, em inglês e um tanto quanto indignado que o vice-governador João Leão, secretário do Planejamento e presidente do Progressistas na Bahia, negou ontem ter feito qualquer tipo de acordo com o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, atual secretário Geral do União Brasil, para compor a chapa do ex-democrata na vaga ao Senado Federal em 2022.
Unidade
Na Bahia, o derrota do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, nas prévias do PSDB, foi recebida com tristeza pelos tucanos baianos, que deram vitória a ele no país na consulta que escolheu o governador de São Paulo como candidato do partido à Presidência da República. Agora, a meta é construir a unidade em torno de Dória para assegurar sua vitória.
Quem decide
A deputada federal Professora Dayane Pimentel (PSL) trabalha para que o União Brasil, partido que nascerá da fusão entre o PSL e o DEM, apoie o ex-juiz federal Sérgio Moro (Podemos), mas pontua que uma decisão nesse sentido passará por Luciano Bivar (PSL), que presidirá a nova sigla, e por ACM Neto (DEM), que será o secretário-geral.
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