O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se disse aberto a alcançar um acordo de livre-comércio com o Equador, ao receber na Casa Branca seu colega deste país, Lenín Moreno, nesta quarta-feira (12).
“Faremos isso”, disse sobre um eventual pacto, ao ser consultado por jornalistas no Salão Oval. “Eles têm produtos incríveis”, acrescentou, e promoveu como modelo o acordo T-MEC entre México, Estados Unidos e Canadá, negociado por iniciativa sua para substituir o Nafta.
Antes, ao recebê-lo no Pórtico Sul da Casa Branca junto às primeiras-damas Melania Trump e Rocío González, Trump apontou para Moreno e disse: “Grande reputação”.
“Nossa relação é muito boa”, destacou o presidente americano.
Os Estados Unidos e o Equador mantiveram relações tensas com o governo socialista de Rafael Correa (2007-2017), ex-aliado de Moreno, que, na sua chegada ao poder, deu uma guinada nas políticas externas de seu antecessor, se aproximando de Washington.
Trump comemorou essa mudança de direção, que já motivou as visitas a Quito do vice-presidente americano, Mike Pence, e do secretário de Estado, Mike Pompeo.
“Certamente restabelecemos (o relacionamento) com o Equador”, disse Trump, observando que seu “grande presidente percebe o quanto é importante se dar bem com os Estados Unidos”.
“Ele fez um tremendo progresso”, afirmou, sob o olhar atento de Moreno.
O presidente equatoriano, que era vice-presidente de Correa, admitiu que, após um “período bastante difícil”, seu país decidiu “renovar” suas relações internacionais “e se aproximar daqueles que são mais adeptos” em sua maneira de “pensar e ser “.
E enfatizou: “Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do Equador”.
– ‘Exemplo’ –
“O Equador é o exemplo de como os países podem fazer uma transição pacífica inclusive de dentro. Isso se deve à liderança do presidente Moreno”, afirmou uma autoridades americana de alto escalão em uma sessão informativa anterior à reunião bilateral.
Sob condição de anonimato, esse funcionário definiu Moreno como “um líder de esquerda”, que permitiu que o Equador transitasse do “socialismo bolivariano do século 21” defendido pelo ex-presidente venezuelano Hugo Chávez e aplaudido por Cuba e Nicarágua, para “a democracia e a transparência” que os Estados Unidos impulsionam na região.
Ele acrescentou que um dos principais assuntos na mesa será o comércio – um âmbito no qual Washington favorece a aproximação e no qual espera reverter a aproximação de Correa da China, que considera “predadora” para os interesses equatorianos.
O Equador, como os Estados Unidos, não reconhece a reeleição de Nicolás Maduro por considerá-la resultado de eleições fraudulentas, e apoia os esforços do líder da oposição venezuelana Juan Guaidó para liderar um governo de transição e realizar novas eleições.
“Vamos lidar com os venezuelanos”, prometeu Trump, quando perguntado sobre o retorno na véspera de Guaidó à Venezuela, após uma turnê internacional de 23 dias que incluiu uma parada em Washington e um encontro com Trump.
A crise política e econômica da Venezuela sob o governo Maduro motivou a fuga de 4,6 milhões de venezuelanos, a grande maioria para os países da região.
“O Equador está sofrendo em primeira mão não apenas (com as consequências do governo) de Correa, mas os efeitos de Nicolás Maduro e sua ditadura”, disse o alto funcionário.
Segundo dados oficiais dos EUA, o Equador deu refúgio a cerca de 400.000 venezuelanos e recebeu 72 milhões de dólares em assistência dos Estados Unidos.
Por:AFP
Foto: AFP / JIM WATSON