Salvador realizou a I Conferência Municipal Novembro Negra, na última quinta-feira (18), no Teatro Gregório de Matos, no Centro da cidade. O evento foi uma iniciativa da Prefeitura, através da Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), e teve o apoio da Secretaria Municipal da Reparação (Semur), do Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI) e do Comitê Técnico de Enfrentamento à Violência Institucional contra as Mulheres.
O objetivo da ação foi discutir o enfrentamento do racismo e promoção de direitos da mulher negra. Nessa primeira edição, foram destacados os 20 anos da Conferência de Durban, conhecida também como a III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) contra o racismo e o ódio aos estrangeiros, que ocorreu em setembro de 2001.
A secretária da Semur, Ivete Sacramento, ressaltou a importância do evento. Para ela, o maior objetivo da conferência é chamar a atenção para as políticas públicas de combate ao racismo institucional contra mulheres negras da cidade de Salvador.
“Sabemos que a mulher negra, além de sofrer discriminação e violências em sua condição de gênero por ser mulher, ela ainda sofre todas as mazelas impostas pelo racismo estrutural, institucional e das relações interpessoais. Então, é por isso que precisamos discutir políticas públicas para essas mulheres negras soteropolitanas”, disse.
Paineis – A conferência, que também marcou o início das ações institucionais organizadas pela SPMJ, nos 21 Dias de Ativismo Contra a Violência Contra as Mulheres, foi dividida em três painéis. O primeiro painel trouxe a apresentação musical do artista Dandê Azevedo, e do recital de poesia com Stael Machado. As titulares da SPMJ e Semur, Fernanda Lordêlo e Ivete Sacramento, respectivamente, fizeram a abertura oficial da conferência.
O segundo painel recebeu as palestrantes Adriana Carvalho, Jussara de Jesus e Sueide Ferreira, que abordaram a temática “Saúde da Mulher Negra”. No terceiro e último painel foi debatida a “Violência Contra a Mulher Negra” e recebeu como palestrantes a vereadora Ireuda Silva, além de Doranei Alves, Natália Petersen e Lucas Gabriel.
“Precisamos a todo tempo falar sobre a pauta negra, a violência contra a mulher negra, o empoderamento da mulher negra, a importância de ela ocupar todos os espaços de poder na sociedade civil e todas as situações em que envolvem esse público em nossa cidade, visto que temos uma população majoritariamente negra em Salvador”, frisou a titular da SPMJ, Fernanda Lordelo.
Oficinas – Ainda durante a conferência foram realizadas atividades, como oficinas de turbantes e de cortes de cabelos. A cabeleireira especialista em crespos e cacheados, Adriana Carvalho, lembrou o quanto diversas mulheres negras ainda não aceitaram o próprio cabelo, em virtude da discriminação racial.
“Passamos por muitas situações de preconceito e racismo com o nosso cabelo diariamente, então é preciso falar cada vez mais sobre cabelos crespos e cacheados para dar visibilidade às pessoas que não se aceitaram e vivem em salões fazendo alisamento. Nós desenvolvemos esse trabalho para que essas mulheres se aceitem e tenham de volta sua autoestima”, finalizou.
Foto: Otávio Santos/Secom