O pré-natal tem um papel fundamental na prevenção e detecção precoce de doenças maternas e fetais, permitindo que mãe e bebê tenham um desenvolvimento saudável, reduzindo os riscos para ambos durante e após a gestação. Para garantir assistência integral às grávidas da capital baiana, principalmente às mulheres negras e carentes da cidade, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), criou o programa Programa Mãe Salvador, cuja regulamentação foi sancionada nesta quinta-feira (18), pelo prefeito Bruno Reis em cerimônia ocorrida no Palácio Thomé de Souza.
Com a participação das secretarias municipais da Saúde (SMS), de Mobilidade (Semob) e de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre), o Mãe Salvador tem o propósito de ampliar e qualificar as ações de assistência às gestantes atendidas nas unidades de Atenção Básica do município.
Uma das iniciativas envolve a garantia da captação precoce e a adesão dessas gestantes às consultas e exames do pré-natal, preferencialmente, até a 12ª semana de gestação. O programa também visa fortalecer o vínculo das futuras mães à maternidade de referência, com visitas de vinculação ao local onde deverá ser feito o parto.
Para garantir a mobilidade dessas mulheres até as unidades, será concedido o Salvador Card – Bilhete Identificado, com 30 passagens de ônibus. O prefeito lembrou que esse benefício é fruto da aquisição pela administração municipal, ao longo da pandemia, de 5 milhões de passagens de ônibus, efetuada como forma de amenizar o impacto da crise sanitária no sistema municipal de mobilidade.
“Além disso, por meio da Sempre, vamos dar um enxoval àquelas mulheres que realizarem todo o ciclo de exames, num total de sete procedimentos, ao longo da gravidez”, completou Bruno Reis.
Assistência – De acordo com a coordenadora do Mãe Salvador, Adriana Miranda, dentre os objetivos essenciais do programa está a prestação total de apoio às mães e bebês carentes da capital baiana. “O objetivo do programa é ampliar a assistência pré-natal, parto e puerpério das mulheres residentes em Salvador, facilitar o acesso dessa gestante ao serviço público de saúde, por meio do transporte público, mediante cadastramento junto à SMS, além de garantir consultas pós-parto para mães e bebês, bem como acesso ao teste do pezinho, por exemplo”.
O conjunto de ações engloba, ainda, as ações propostas pelo Plano Municipal para Infância e Adolescência (PMIA), assegurando a qualidade do pré-natal de risco habitual através da qualificação técnica dos profissionais que atuam no âmbito da Atenção Primária à Saúde em Salvador.
Motivação e reparação – O programa Mãe Salvador tem como meta alcançar 70% das gestantes com sete ou mais consultas de pré-natal, buscando reduzir a mortalidade materna na cidade. Os dados levantados pela SMS revelaram que as gestantes pretas e pardas possuem uma maior dificuldade em realizar, pelo menos, sete consultas de pré-natal – número indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), conforme ressaltou o secretário municipal da Saúde, Leo Prates.
“Quando percebemos que a maioria das mulheres eram negras, nossa primeira atitude foi criar comitê de enfrentamento ao racismo institucional, e descobrimos que a maioria das mulheres que não estavam fazendo o pré-natal eram negras. Com isso, o segundo passo foi estruturar um projeto que pudesse estimular as mulheres a realizar esses exames. Chegamos a 60% de assistência primária na cidade, mas, ainda nos tempos de hoje, convivemos com sífilis congênita, passada de mãe para filho, e nosso papel é diminuir isso por meio do exame pré-natal. Nosso objetivo é garantir estímulos para cuidar dessas mães e dos seus bebês”, declarou Prates.
Em 2020, cerca de 27,9 mil gestantes tiveram o acompanhamento nas unidades da rede municipal de saúde para a realização do pré-natal, exames e outros procedimentos durante a gravidez. Os dados foram coletados pelo grupo técnico da Rede Cegonha da capital baiana, com base no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos do Ministério da Saúde.
Foto: Valter Pontes/Secom