Mesmo com internet, as insatisfações dos cidadãos e eleitores batem primeiro nas portas dos prefeitos, acossados pelos vereadores e lideranças locais. Depois seguem aos secretários de Estado, governadores, ministros e, cedo ou tarde, entre uma viagem e um comício, acabará por se chegar aos ouvidos no presidente da República. Quando são questões graves, como a fome, carestia e agora o risco de inferno climático, o jogo de empurra e transferência de responsabilidades a terceiros fica difícil. Depois do primeiro ano, até a desculpa de sempre – a “herança maldita” – perde capacidade de convencer.
Por mais que consigam mobilizar suas comunidades, os prefeitos, vereadores e líderes classistas não têm condições de enfrentar os rigores climáticos, mas sabem que se ficar quietos e jogar o problema para o governador ou os ministros logo os efeitos desastrosos da queda de arrecadação, orçamento comprometido, população revoltada e eleitores insatisfeitos vão bater em suas portas, mandatos e vínculos políticos.
Estudos do projeto Achados e Perdidos, da Transparência Brasil e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo demonstram que as comunidades locais e os estados não estão preparados para fazer frente aos efeitos de fenômenos climáticos extremos. Se a saída não for achada, todos ficarão perdidos.