“O que é Salvador para você? ”. Com esse questionamento, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), através do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo em Salvador (Prodetur), vem realizando escutas ativas para o desenvolvimento de conteúdo e do plano de gestão da Casa das Histórias de Salvador. Na manhã desta quinta-feira (14), atores culturais foram ouvidos na Casa Pia do Órfãos de São Joaquim, na Cidade Baixa, com o objetivo de colaborar na formação desse novo equipamento educacional, cultural e turístico que está sendo implantado pela Prefeitura na região do Comércio. Participaram do encontro 35 baianas de acarajé, artistas plásticos, músicos, fotógrafos, capoeiristas e dançarinos.
Com a proposta de ser um ponto de conexão, o espaço será o primeiro Centro de Interpretação do Patrimônio da cidade instalado no Brasil. Integrado pelo Arquivo Público Municipal de Salvador e pelo casarão histórico localizado ao lado do Mercado Modelo, no bairro do Comércio, o local será dedicado ao estímulo de novas leituras sobre fatos históricos consolidados e a desconstrução de parâmetros eurocêntricos.
O equipamento irá explorar e revelar novas perspectivas, resgatando a importância dos povos originários e afrodescendentes na construção da cultura e identidade da capital baiana. Para implantação da Casa das Histórias de Salvador, já foram realizados sete workshops com grupos específicos de agentes culturais, a fim de coletar dados para inspirar a construção desse complexo cultural.
Escuta ativa – O coordenador do consórcio Magnetoscópio Cria Rumo Arandas, Ernesto Ribeiro, explicou que a Casa das Histórias de Salvador será um elemento de encontro pessoal. “O equipamento será um centro de interpretação do patrimônio. Então, a grande pergunta é: o que a capital baiana representa para você? E as respostas são diversas, cada um tem suas histórias, cada cidadão tem um sentimento de pertença. Esses encontros são importantíssimos, justamente para que a gente possa captar e as pessoas possam nos influenciar. É uma escuta ativa daqueles que constroem a história e a gente precisa ter um olhar para isso”, afirmou.
Os encontros serão realizados até dezembro. A turismóloga, historiadora e também coordenadora do consórcio, Rejane Lima, destacou a importância do processo. “Como juntar anos de história de uma cidade tão rica e complexa em três andares? É exatamente essas informações que nós estamos buscando com os especialistas, através das escutas ativas e apuradas. Estamos ouvindo o pessoal falando do seu segmento, das suas vivências, e isso faz parte da fase de elaboração de conteúdo. Todas as informações serão aproveitadas”, disse.
Ao participar do encontro, a coordenadora nacional da Associação Nacional das Baianas do Acarajé (Abam), Rita Santos, ressaltou o papel histórico das baianas na construção da história de Salvador. “A Casa das Histórias precisa contar a história dessas mulheres, que são as primeiras empreendedoras desse país. Estamos atuando há mais de 300 anos, e se não tiver baiana na Casa da História não tem história, porque tudo começou com elas, por isso estamos aqui para participar. Sem dúvida, temos muito a falar e contribuir. Já estamos na sexta geração de baianas, então imagina quantas histórias nós temos para contar”, avaliou.
Investimento – As obras de construção e restauração da Casa das Histórias de Salvador e do Arquivo Público Municipal possuem investimento do Prodetur, por meio de empréstimo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no valor de R$34,7 milhões. As obras estão sendo executadas pelo Consórcio Prodetur – Salvador, formado pelas empresas Metro Engenharia e Consultoria e Construtora BSM. O complexo está previsto para ser entregue no primeiro semestre de 2022.