Mesmo com o fim da Operação Chuva, no mês passado, a população deve manter a atenção quanto ao descarte correto de lixo na cidade. Com as chuvas, os resíduos despejados de forma irregular podem provocar obstrução das redes de drenagem, alagamentos, ou agravar a situação de instabilidade das encostas.
O engenheiro sanitarista e ambiental da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), Thiago Figueiredo, alerta para dois pontos preocupantes: o descarte indevido de pneus e o acúmulo de resíduos nas encostas. “Infelizmente as pessoas ainda descartam esse tipo de material nos córregos e ruas. Esses pneus podem acumular água da chuva e, consequentemente, servir de foco para o mosquito da dengue, sem falar nos danos ambientais que ele pode provocar”, pontua Thiago.
Segundo determinação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, os pneus são objetos que precisam de uma logística reversa, ou seja, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição ao setor empresarial. As empresas fabricantes precisam desenvolver ações que possam garantir o retorno dos pneus inservíveis para o seu reaproveitamento, ou destinação final ambientalmente adequada.
Por sua vez, o acúmulo de lixo nas encostas potencializa os riscos de deslizamento de terra, pois, entre outros aspectos, o lixo retém umidade no solo, provocando o movimento da terra e as erosões. Os deslizamentos são extremamente preocupantes, porque podem provocar a perda da moradia e até mesmo a morte de pessoas.
Danos – O engenheiro estende os cuidados também ao descarte dos resíduos domiciliares. “Precisamos ter uma atenção também sobre esse tipo de resíduo. Quando ele é descartado incorretamente, além de degradar o solo e as águas superficiais e subterrâneas, pode ser arrastado para os rios da cidade e também para as bocas de lobo e galerias de captação de águas pluviais. O entupimento das bocas de lobo e a redução da vazão dessas galerias afetam a nossa rede de drenagem e provocam os alagamentos”, ressalta.
O alagamento também causa diversos problemas para a cidade, inviabiliza o deslocamento das pessoas, ocasiona a entrada de água nos lares, danos físicos às residências e os riscos de contaminação por doenças, como a leptospirose.
O que fazer – A orientação da Limpurb é que o descarte seja feito próximo ao horário da coleta. O lixo domiciliar deve ser deixado na frente da casa, ou nas caixas estacionárias (contêineres), nos bairros que dispõem desses coletores, com antecedência de, no máximo, uma hora. É fundamental também fazer o descarte nos dias corretos, pois há locais da cidade em que a coleta é feita em dias alternados.
“Coloque o seu resíduo bem acondicionado em um saco plástico bem amarrado, para que não seja espalhado por animais. Evite descartá-lo no dia anterior, porque um cachorro de rua pode acabar rasgando o saco e espalhando os resíduos. O lixo arrastado para os córregos e rios pela chuva pode acabar indo para a praia, causando danos também à fauna e flora marinha”, lembra.
Além da coleta convencional feita por compactadores, minicompactadores e triciclos – para as ruas mais estreitas –, a Limpurb dispõe de dois Ecopontos para a coleta de materiais volumosos, a exemplo de carcaça, móveis, eletrodomésticos inservíveis e resíduos da construção civil. Um Ecoponto fica no Itaigara, na Rua Wanderley de Pinho, s/n, atrás do Hiper Posto BR. O outro fica na Rua Alto do Abaeté – Itapuã, defronte à sede do bloco afro Malê Debalê.
Drenagem – Para informar sobre bocas de lobo quebradas ou algum problema na rede de drenagem, o cidadão deve entrar em contato com o Fala Salvador, pelo telefone 156 ou site www. falasalvador. ba. gov. br . De novembro de 2020 a janeiro deste ano, a Secretaria Municipal de Manutenção da Cidade (Seman) realizou 2.855 serviços de recuperação da rede de drenagem e 1.225 assentamentos de tampas e grelhas de bocas de lobo na cidade.
Foto: Bruno Concha/Secom