Há mais de 50 anos, Carlos Alves de Souza, embaixador do Brasil na França, na época, disse a seguinte frase: “O Brasil não é um país sério”. A expressão atribuída ao diplomata brasileiro, sinalizava o grau de seriedade dos políticos Brasileiros.
Certamente, sua avaliação, não veio de uma bola de cristal, mas, seguramente, pautada na seriedade dos governantes de plantão – aqueles os quais nunca deveríamos entregar a chave da cidade -, e sim, trocar a fechadura. Já se passaram quase 60 anos e praticamente, nada mudou. Muito pelo contrário, parece que muitas coisas se agravaram. Infelizmente, diante dos últimos acontecimentos, não há como avaliar diferente – em alguns momentos, parece que está tudo de ponta-cabeça.
Quando ouvimos frases como essa, nos questionamos, o Brasil tem um potencial extraordinário, contudo, não é considerado um país de primeiro mundo, mesmo com um potencial incrível em produzir alimentos. Certamente, é considerado um dos maiores produtores agrícola do mundo. Mais que país é esse?
Essa pergunta me fez lembra da canção “Que país é esse?”, de Renato Russo, cantada pela banda Legião Urbana. Isso mesmo! A letra tem como refrão a pergunta “que país é esse?”.
Este artigo, no entanto, não é sobre a canção. É sobre o país. Se, há quase 40 anos, um compositor já dizia que havia “sujeira pra todo lado”, quer dizer que a insatisfação com o país, como se vê, não é de hoje.
Através da Lava-Jato foi descoberto o maior escândalo de corrupção já visto na história desse país. Só pra limitar um pouco, vamos ficar nos principais casos que chegaram à figura do Presidente da República.
Durante o governo de Fernando Collor de Mello, em uma entrevista à revista Veja, seu irmão denunciou um escândalo que só não terminou com impeachment porque ele renunciou durante a votação na Câmara, porém, mesmo assim o processo foi conduzido até o fim.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, teve mais de um pedido de impeachment. Mas ele tinha uma boa base no Congresso Nacional e nunca houve uma votação como a que desalojou Dilma Rousseff, do Planalto.
No governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, houve o famoso caso do Mensalão, que não chegou a derrubar o presidente, mas, nos proporcionou várias sessões no STF ao vivo e a cores. Com os mesmos figurantes que agora anulou todas as condenações do ex-condenado.
Afinal: que país é esse que tem um potencial incrível mais não é uma potência? Tem um povo pacifico mas ao mesmo tempo é violento? Todo mundo defende, mais não é considerado um país sério? Tem muitas riquezas, mas é considerado um país pobre?
– Que país é esse que junta milhões de pessoas numa marcha gay, centenas de milhares numa marcha a favor da liberação da maconha? Mas não se mobilizam contra a corrupção e os desmandos dos governantes (…)
– Que país é esse que um motorista do senado que ganha mais do que um oficial da Marinha que pilota uma fragata?
– Que país é esse que um ascensorista da Câmara Federal que serve os elevadores da casa, ganha mais do que um oficial da Força Aérea que pilota um Mirage?
– Que país é esse que um diretor que é responsável pela garagem do senado ganha mais que um General do Exército que comanda uma Região Militar?
– Que país é esse que um diretor sem diretoria no senado, cujo título é só para justificar o salário, ganha o dobro do que ganha um professor universitário federal, concursado, com mestrado e doutorado?
– Que país é esse que um assessor de 3º nível de um deputado, que também tem esse título para justificar seus ganhos, mas que não passa de um “aspone” ou um mero “estafeta” de correspondência, ganha mais do que um cientista-pesquisador da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, com vários anos de formação e que dedica o seu tempo buscando curas e vacinas para salvar vidas?
– Que país é esse que o Sistema Único de Saúde paga para um médico, por uma cirurgia cardíaca com abertura de peito, a importância de R$ 70,00 – bem menos que uma diarista cobra para fazer uma faxina num apartamento de dois quartos?
Porque a justiça, para uns age de um jeito e para outros, de outra forma? Pra uns, os “rigores da Lei” e para outros, “os favores da Lei…”
Sinceramente, não entendo! Mas, se me explicarem, certamente entenderei…
Precisamos urgentemente de um choque de moralidade nos três poderes da república, estados e municípios.
Os resultados não justificam o atual número de senadores, deputados federais, estaduais e vereadores.
Já mais chegaremos a ser um país sério, sem que haja responsabilidade social e honestidade com os gastos públicos.
Será que perdemos a capacidade de nos indignarmos?
Acredito que não. Não podemos aceitar que as coisas continuem como se tivesse que ser assim mesmo, ou simplesmente, não estivesse mais jeito. Tem jeito sim! É só acreditar…
Se nada for feito, se não levantarmos a nossa bandeira contra essa forma equivocada de governar estaremos fadados ao fracasso bolivariano. Contudo, se cada um fizer a sua parte, as coisas podem mudar. Eu estou fazendo a minha! E você, está fazendo a sua?