A nossa democracia padece da ausência de partidos políticos e, sobretudo, de líderes.
Partidos políticos propriamente ditos e líderes políticos devidamente reconhecidos, cada vez mais, menos os temos, e do pouco que restavam, a Operação Lava-Jato tratou de desmoralizá-los e de nivelá-los por baixo.
Nada contra a existência de 50 partidos políticos com registro no nosso TSE-Tribunal Superior Eleitoral, e sim, a fragmentação existente nas nossas Casas parlamentares. No nosso Congresso Nacional vamos encontrar parlamentares oriundos de 30 partidos distintos.
É neste particular que reside à fragilidade de nossa democracia e que emergem as negociatas que vêem se arrastando em nosso país, posto que, somente a base das negociatas, algumas delas inquestionavelmente espúrias, os nossos governantes conseguem compor suas correspondes e indispensáveis maiorias parlamentares, condição indispensável para a aprovação dos seus projetos, e até mesmo, para não se tornarem submetidos a um processo de impeachment.
Nos EUA, queira-se ou não, uma a mais emblemática democracia do mundo, apesar da existência de dezenas de partidos políticos, apenas dois deles, o democrata e o republicano, se fazem presentes, seja na sua Câmara dos Deputados e no seu Senado, porquanto a sua própria legislação impede a sua fragmentação.
Aqui no Brasil, o chamado presidencialismo de coalizão, impõe os nossos governantes a se submeterem a toda sorte de negociatas. Do contrário, não conseguirão governar. De mais a mais, os impeachments dos ex-presidentes Fernando Collor e da ex-presidente Dilma Rousseff, feitos fantasmas, continuam ameaçando-os.
As negociações políticas, bastante comum nas melhores democracias, na nossa, só se dão a base das chantagens, e assim se manterá, enquanto as nossas fragmentações parlamentarem se mantiverem. Muito bem disse Miguel de Cervantes: “elimine a causa que o efeito cessa”.
Urge que seja estabelecida uma cláusula de barreira para que os partidos políticos possam estar presente nas nossas Casas parlamentares, e não é esta que tardiamente veio ser estabelecida e que só chegará aos 3% dos votos nacionais nas eleições de 2030, e sim, de no mínimo 5% já nas próximas eleições e cujo percentual seja obedecido em no mínimo, um terço das nossas unidades federadas. Lamentavelmente, isto não acontecerá, pois esta receita não é do interesse, justamente, daqueles que tiram proveitos do atual modelo.
A ausência de partidos fortes impede o surgimento das nossas lideranças, estas por sua vez, absolutamente necessárias ao fortalecimento da nossa democracia. Para além de Lula, carecemos de novos líderes.