Diante da maior crise enfrentada pelo transporte público, a Prefeitura optou por prorrogar a intervenção no Consórcio Salvador Norte, uma das empresas que prestam o serviço na cidade, por mais 90 dias. A decisão foi anunciada pelo prefeito Bruno Reis na semana passada e, com a decisão, o prazo foi estendido até o mês de junho deste ano.
Iniciada em junho de 2020, a medida já havia sido prorrogada uma vez, em dezembro último. “Nosso maior objetivo é garantir a prestação do serviço para a população e evitar que os usuários do transporte público sejam prejudicados com uma possível suspensão”, afirmou o secretário municipal de Mobilidade (Semob), Fabrizzio Muller.
No entanto, a CSN não é a única empresa que está passando por dificuldades. As outras duas concessionárias que prestam o serviço na cidade, a OTTrans e a Plataforma, também já relataram dificuldades financeiras e oficializaram o pedido de apoio do município, que irá analisar a situação e definir o que será feito.
“Há uma crise nacional no transporte público, que está passando talvez pelo seu pior momento. O sistema não conta com subsídios diretos e se mantém apenas com o valor das passagens. Com a redução drástica no número de passageiros durante a pandemia, que já dura um ano, a situação ficou insustentável”, destacou o secretário Fabrizzio Muller.
Desde o início das ações de incentivo ao isolamento social em razão da pandemia, a média diária de usuários do transporte público em Salvador saiu de 1,3 milhões para cerca de 850 mil usuários por dia, chegando a apenas 300 mil usuários nos meses de maior isolamento. Desde então, a Prefeitura já investiu cerca de R$120 milhões para manter o transporte público da cidade funcionando.
Dificuldades – A CSN é objeto de intervenção desde o ano passado, quando a empresa sinalizou a incapacidade de manter o serviço, inclusive com suspensão do pagamento dos seus colaboradores. A situação da empresa, que já vinha enfrentando dificuldades, foi agravada com a pandemia, que reduziu drasticamente a quantidade de passageiros transportados. Em abril de 2019, a CSN chegou a transportar cerca de 11,5 milhões de passageiros, número que caiu para aproximadamente 2,8 milhões de usuários no mesmo mês de 2020.
Para evitar a suspensão do serviço pela empresa, a Prefeitura optou pela intervenção, assumindo, entre outras despesas, o pagamento dos mais de 4,5 mil funcionários. “Entre pagamento de salários, manutenção de veículos e demais despesas, já foram repassados mais de R$80 milhões para manter as atividades da CSN”, afirmou o secretário de mobilidade.
Atualmente, a empresa possui uma frota de 395 ônibus, que atendem 66 linhas. Mais de 50 bairros das regiões da Orla e Centro são atendidos pela empresa, como Rio Vermelho, Cabula, Boca do Rio, Patamares e Nordeste, entre outros.
A empresa Plataforma, que atende a bacia A, no Subúrbio, tem uma frota de 474 veículos para atender 112 linhas. A OTTrans, que atende a bacia B, no Miolo, conta com uma frota de 702 ônibus e roda em 116 linhas.
Foto: Jefferson Peixoto/Secom