A equipe da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do São Francisco realizou nesta terça-feira (15) uma operação em Caetité, no sudoeste baiano, que resultou no resgate de aves silvestres, muitas delas ameaçadas de extinção, além da fiscalização de criadouros de passeriformes. A ação, conduzida pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Ministério Público da Bahia (MP-BA) e a ONG Animalia, também incluiu a apuração de denúncias e atividades de sensibilização ambiental na região.
A operação faz parte de um esforço contínuo para preservar a biodiversidade e intensificar a fiscalização de criadores amadores de aves. Frederico Santos, coordenador de Fauna da FPI e técnico ambiental do Inema, destaca que a criação irregular de animais silvestres é uma das maiores preocupações: “conversamos com a população sobre o papel crucial desses animais na natureza, como a dispersão de sementes realizada pelas aves”.
Quando retirados de seu habitat natural, eles deixam de cumprir suas funções ecológicas, causando um impacto direto no equilíbrio ambiental. “Além das condições inadequadas de cativeiro, como gaiolas pequenas e ambientes insalubres, muitos animais resgatados sofrem maus-tratos, especialmente aqueles capturados para o comércio ilegal. Durante as operações, vários animais são encontrados feridos ou em péssimo estado de saúde. Em áreas rurais, onde é comum manter pássaros em cativeiro, o problema se intensifica, sobretudo pela captura para fins comerciais”, explica o servidor do Inema.
A participação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) também desempenha um papel crucial na operação. Segundo o policial rodoviário Marcos França, as rotas de tráfico de animais no estado da Bahia são constantemente monitoradas. “Nosso foco é impedir o transporte ilegal de animais, especialmente aqueles destinados a outras regiões do país. Identificamos rotas que conectam o Nordeste ao Sudeste, frequentemente utilizando feiras livres para a comercialização dos animais”, explica ele.
A operação também tem como objetivo corrigir irregularidades em criadouros legalizados. Além de autuar os criadores fora da lei, a FPI se dedica à conscientização da população, destacando a importância de manter animais silvestres somente com as licenças adequadas, evitando assim a criação ilegal e o comércio clandestino.
Resgate
Os animais resgatados foram levados para triagem em Guanambi, sede da operação da FPI na região, onde veterinários da equipe de fauna realizam uma avaliação detalhada. Vanessa Santana, representante da ONG Animalia, explicou que, ao chegarem à base de operações, os animais passam por exames para determinar se estão aptos para serem devolvidos à natureza.
“Quando encontramos animais feridos ou em estado crítico de saúde, iniciamos o tratamento imediato. Caso o quadro não possa ser revertido localmente, eles são encaminhados aos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Inema, onde recebem cuidados especializados”, explica Vanessa, ressaltando que, após a recuperação, os animais são liberados em operações coordenadas pelo órgão.
Entrega voluntária
A FPI também busca mobilizar a população na luta contra atividades ilegais que ameaçam o meio ambiente, incentivando a denúncia e a entrega voluntária de animais silvestres mantidos em cativeiro, sem penalidades. As entregas podem ser realizadas nos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Inema ou pelo Disque Resgate – (71) 99661-3998. Para aqueles que preferem manter anonimato, denúncias podem ser feitas pelo Disque Denúncia do Inema – 08000 71 1400 – ou pelo e-mail: denuncia@inema.ba.gov.br.
Sobre a FPI
Criada em 2002, a Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do São Francisco na Bahia é coordenada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), CREA-BA, CBHSF e MPT. Com um enfoque multidisciplinar, o programa visa melhorar a qualidade de vida das comunidades da bacia e preservar seus recursos hídricos, alinhando-se a operações de fiscalização e resgate de fauna. Entre as principais ações estão o combate ao desmatamento, captação irregular de água, uso de agrotóxicos, extração ilegal de minérios, tráfico de animais silvestres, pesca predatória, gerenciamento de resíduos sólidos e a preservação do patrimônio cultural e arquitetônico da região.
Foto: Tiago Dantas/Ascom Sema