O atletismo, especialmente a corrida de rua, tem se consolidado como uma das modalidades esportivas que mais crescem em Salvador e no Brasil. No Dia do Atletismo, celebrado nesta quarta-feira (9), especialistas e praticantes refletem sobre o impacto positivo desse esporte na saúde, turismo e economia da cidade.
Segundo Douglas Cerqueira, diretor da Maratona Salvador, que em 2024 atraiu dez mil atletas para a orla da cidade, o esporte tem mostrado uma forte expansão desde os anos 1970, com um aumento significativo nos últimos anos. “Plataformas como a Ticket Sports, principal em inscrições da América Latina, registraram um crescimento de 45% na participação de eventos de corrida só neste ano. Além disso, 35% dos atletas inscritos são novos na prática”, afirmou.
Esse crescimento, de acordo com Douglas, é especialmente visível na capital baiana. “Temos uma cidade com alto potencial para o atletismo e turismo esportivo, unindo clima favorável, belas paisagens e infraestrutura adequada. A Maratona Salvador, por exemplo, viu seu número de participantes dobrar nos últimos três anos, saltando de 5 mil para 10 mil atletas, e já planeja receber 15 mil corredores em 2025”.
Impacto – Além de fomentar a saúde e o bem-estar, a corrida de rua tem impulsionado a economia local. O diretor técnico da Federação Baiana de Atletismo, Assis Júnior, destaca que o número de corridas em Salvador tem atraído não só moradores, mas também turistas de outras cidades e estados.
“O turismo esportivo movimenta Salvador o ano todo. Hoje, a cidade realiza de duas a quatro corridas por final de semana, cada uma atraindo cerca de 10 mil participantes e ainda mais pessoas que vêm assistir ou apoiar os corredores. Isso impacta diretamente o turismo e a economia local”, diz Assis.
Com clubes de futebol como Vitória e Bahia também aderindo às corridas, o crescimento da modalidade promete continuar em 2025, com mais provas e maior número de participantes.
Neste Dia do Atletismo, celebra-se não apenas o esporte, mas também sua capacidade de transformar vidas, movimentar a economia e promover Salvador como referência no cenário do atletismo nacional.
O profissional de Educação Física, Carlos Felipe Albuquerque, conhecido como Chokito, administra um grupo de assessoria esportiva com mais de 1 mil alunos atendidos presencialmente ou de forma remota. Ao todo, a Runners Club conta com oito professores formados em Educação Física, cinco estagiários e 30 prestadores de serviço, principalmente para dar apoio aos treinos de rua.
“A corrida de rua teve um crescimento exponencial neste período pós-pandêmico. As pessoas começaram a criar uma conscientização à prática regular da atividade ao ar livre e à corrida, sendo, de fato, a maior aderência pela sua acessibilidade, por ser preciso poucos acessórios. A orla da nossa cidade favorece muito isso e, consequentemente, o ecossistema que envolve a prestação de serviço dessa modalidade começou a crescer também não só com os eventos esportivos, mas os profissionais começaram a entender a especialização voltada para esse segmento” disse o professor.
Demanda crescente – “Nos últimos três anos, tivemos uma demanda muito significativa de procura para o serviço, também muito relacionado à globalização, na questão da rede social, de pessoas que influenciam diretamente na internet se cuidando e mostrando que todos têm a capacidade de realizar a corrida de rua. Quanto à orla da cidade, digo que a reforma de grande parte dela também está favorecendo. Se a gente for mensurar há 12, 15 anos atrás, realmente, a gente não tinha orla digna para a prática regular do exercício da atividade”, completou Albuquerque.
A corrida de rua também se tornou uma atividade essencial para muitas pessoas que descobriram a prática durante a pandemia, como a assistente administrativa Flávia Reis Gama, de 31 anos.
Ela começou a correr quando as academias estavam fechadas e encontrou no esporte um escape e uma forma de terapia. “Hoje, a corrida faz parte da minha rotina, é um momento de desconexão e prazer. Participar da Maratona Salvador, com aquele visual da orla, foi um dos grandes motivadores para enfrentar o desafio dos 42 quilômetros pela primeira vez na vida”, conta Flávia.
Para o marido dela, o empresário Cleber Gama, de 33 anos, a corrida de rua trouxe não apenas benefícios à saúde, mas também novas amizades e o prazer de explorar a cidade.
“Correr em Salvador é desafiador por causa do sol, mas é uma experiência incrível. A Maratona Salvador, por exemplo, me proporcionou o privilégio de fazer turismo enquanto corria, passando por diversos pontos da cidade. Quem corre aqui, corre em qualquer lugar do mundo,” brinca Cleber.
Estilo de vida – Com 40 anos de idade e experiência desde os 14 na corrida, o educador físico Ricardo Falcão acredita que a corrida de rua é o esporte mais inclusivo que existe.
“É um evento que reúne a família, não só os corredores, mas também aqueles que apoiam. A capital baiana tem o potencial de liderar o turismo esportivo no Brasil. A Maratona Salvador já comprovou sua excelência, e eu acredito que nos próximos anos o evento crescerá ainda mais”, afirma.
Fotos: Lucas Moura/ Secom PMS