Temáticas foram abordadas durante a 3ª Reunião Plenária Ordinária da última quinta-feira, 8, em Eunápolis
Com o objetivo de discutir questões relevantes para uma gestão sustentável dos recursos hídricos, o Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios dos Frades, Buranhém e Santo Antônio (CBHFrabs) realizou a 3ª Reunião Plenária Ordinária na última quinta-feira, 8, na Unidade Regional do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), em Eunápolis.
O encontro, que reuniu a diretoria, membros e convidados, teve início com a apresentação do estudo “Avaliação da contaminação por microplásticos em estação de tratamento de água”, com a participação da engenheira sanitarista e ambiental, Raiane Silva da Cruz.
Na ocasião, a especialista explicou que os microplásticos medem até 5mm de comprimento. “O estudo foi realizado na estação de tratamento de água do município de Porto Seguro, que é administrada pela Embasa e tem como fonte de captação o rio dos mangues”, diz.
Em seguida, a autora do estudo abordou os impactos e desafios desse cenário em diversos setores da sociedade, como reflexos na economia, saúde e até na logística de produção do plástico. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas por ano. O Brasil é responsável por 6,7 milhões de toneladas do material, conforme dados do Perfil 2022 da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).
“Para falar sobre microplástico, a gente também tem que entrar no viés de impactos positivos e negativos e buscar meios de equilibrar tanto esses benefícios que se tem hoje na sociedade quanto para mitigar esses impactos negativos. E o plástico, a gente tem diversos tipos de materiais, de diversas formas. Eles são produzidos através de reações químicas, que tem diversos tipos de compostos, alguns com alto grau de toxicidade”, pontua.
Tendo em vista o alerta mundial em torno da poluição plástica, a especialista mencionou a relação desproporcional em relação à produção, reutilização e reciclagem do material.
“E, se tratando de estudos, o microplástico está sendo investigado em escala mundial. Alguns estudos já confirmaram a presença e como isso tem afetado o nosso organismo. Já tem também muitos estudos voltados à fauna aquática, mas eu trago aqui alguns destaques, que são a presença do microplástico no pulmão humano, no sangue, na placenta, no intestino”, reitera.
Presidente do CBHFrabs, Marcos Bernardes, destacou a importância da discussão do tema para sensibilização da sociedade de forma geral, além do conhecimento compartilhado entre os membros.
“É muito importante que a gente tenha esse tipo de estudo porque a gente não faz ideia do grau de exposição ao qual nós estamos sujeitos enquanto sociedade, seja para os microplásticos, seja para aquilo de forma geral que se chama de contaminantes emergentes”, afirma.
De acordo com ele, a elaboração de pesquisas são essenciais para a implementação de ações e iniciativas voltadas para o acompanhamento e fiscalização no monitoramento da distribuição da água. “Sem a gente conhecer o tamanho do problema, fica muito mais difícil da gente primeiro sensibilizar a sociedade e, segundo, fazer com que sejam tomadas medidas de acompanhamento, de fiscalização”.
A reunião também debateu a situação das outorgas de direito de uso de recursos hídricos na bacia hidrográfica na região do Imbiruçu de Dentro, bacia hidrográfica do rios dos Mangues; e a revitalização do córrego Chamagunga e outras nascentes no entorno, com a participação dos representantes da Associação dos Moradores e Proprietários do Paraíso dos Pataxós e da Associação de Moradores da Orla Norte.
A partir disso, Bernardes ainda ressaltou o caráter social do CBHFrabs no tratamento das demandas da comunidade. “É interessante destacar que são trabalhos desenvolvidos, são demandas, melhor dizendo, uma delas trazidas por um conjunto de associações de bairro, o que demonstra aí o reconhecimento social do Comitê de Bacias, na discussão de temas, por exemplo, sobre assoreamento e obras em torno de corpos hídricos”, acrescenta.