O sonho de agricultores e agricultoras familiares da Comunidade do Cercadinho, em Santa Terezinha, município que integra o território de Identidade do Piemonte do Paraguaçu, celebraram, na noite desta quarta-feira (15/05), um novo tempo para as famílias da comunidade, com a inauguração da Unidade de Beneficiamento de Mandioca. O empreendimento, que foi totalmente requalificado pelo Governo do Estado, está sob a gestão da Associação Comunitária Rural do Cercadinho.
Com a nova unidade, a expectativa é de aumento da produtividade para 11 toneladas de raízes por hectare, a partir da ampliação das áreas de cultivo. O empreendimento prevê uma produção média diária de até quatro toneladas de raízes dia, sendo possível dobrar essa quantidade mediante o funcionamento da agroindústria em dois turnos.
O secretário da Casa Civil, Afonso Florense, presente à inauguração, fez um balanço das ações voltadas para a agricultura familiar e o desenvolvimento rural na Bahia, nos últimos anos. “Nossa esperança é que a gente possa trazer muito mais benefícios para essa comunidade e para toda a Bahia, para melhorar a vida de todos e todas”.
A requalificação da unidade de beneficiamento foi executada pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), e visa garantir renda para as famílias da Associação para que possam permanecer na sua comunidade, além de fortelecer a produção de alimentos no estado.
Gilmar Bomfim, da Coordenação de Segurança Alimentar da CAR, destacou que a implantação de agroindústrias familiares pontencializa a produção de alimentos pela agricultura familiar. Ele citou como exemplo a farinha de mandioca, utilizada na alimentação, tanto de agricultores quanto de quem está na cidade, e também da goma, utilizada para fazer bolos, sequilhos e outros produtos, comercializados nas feiras livres, nos empórios e também na alimentação escolar.
Bomfim observou que o governo estadual também autorizou comprar esses produtos para incluir na alimentação dos hospitais. “Nós estamos articulando junto com os consórcios um planejamento para contratar um consultor de mercado para que ele consiga mobilizar esses agricultores e suas cooperativas e associações para produzir e comercializar junto a hospitais públicos do estado e dos municípios. É mais um grande avanço para a agricultura familiar”.
Estrutura da unidade
A Unidade de Beneficiamento de Mandioca conta com uma casa de farinha elétrica equipada e uma cozinha comunitária, onde serão aproveitados outros cultivos da comunidade para a produção, inicialmente, de sequilhos, biscoitos, tempero pronto, beiju, tapioca, polpas de frutas e goma fresca. O trabalho da Associação conta ainda com o reforço de uma motocicleta, equipamentos e materiais de escritório, além de equipamentos de proteção individual (EPI).
“Os benefícios são muitos, pois a gente precisava deste espaço, porque na antiga casa de farinha a gente não tinha um local adequado para trabalhar com a mandioca depois de pronta, fazer o beiju ou alguma ação comunitária, mas hoje a gente conseguiu, o espaço, com casa de farinha nova, fogão, forno, tudo novo. Então, é uma melhoria para a nossa comunidade e a expectativa é que a gente cresça e desenvolva outros produtos”, ressaltou Érica Rebouças Barbosa, que faz parte da Associação e vai trabalhar na cozinha comunitária.
Quem também está comemorando a entrega desse importante empreendimento é Cintia de Oliveira dos Santos, que irá trabalhar na produção de beijus. “Hoje, nós temos aqui equipamentos para a gente aproveitar a fécula e fazer beiju, sequilho e os derivados da mandioca. A gente planta aqui outras coisas, mas a única cultura que a gente colhe o ano todo é a mandioca. Então, essa unidade, que vai atender pessoas da comunidade, mas também pessoas de comunidades vizinhas, vai aumentar a nossa renda, fazer com que nossos filhos, que estão em busca de oportunidade fora, continuem na comunidade”.
A nova unidade, que conta com lavadeira descascadeira, ralador automático, prensa hidráulica, forno mecanizado, peneira mecânica, extratora de fécula, balança, entre outros equipamentos e utensílios, permitirá celeridade nos procedimentos de beneficiamento, aproveitamento o máximo da matéria-prima, com agregação de valor à mandiocultura e competitividade no mercado, possibilitando aumento das vendas e gerando condições dignas de trabalho para as famílias agricultoras.