Camila Brito é moradora do bairro Sussuarana e segue com o filho Saulo Gabriel, que tem transtorno do espectro autista, para acompanhamento no Centro Integrado de Apoio à Criança e ao Adolescente (Ciac), em Ondina. Essa consulta especializada agora será prestada pelo Núcleo de Atendimento à Criança e ao Adolescente com Transtorno do Espectro Autista (TEA) – administrado pelo Núcleo de Atendimento à Criança com Paralisia Cerebral (NACPC), inaugurado nesta sexta-feira (19), na sede do Ciac.
De acordo com ela, é muito gratificante ter este local acolhedor: “é uma maravilha ter um lugar para ele fazer acompanhamento. Ele precisa de acompanhamento com psicólogo. Aqui é muito bom. É maravilhoso. Abriu uma nova porta para a gente. Um novo olhar para os autistas”.
Já Selma Sampaio é mãe de Larissa, que tem paralisia cerebral. A paciente tem 34 anos e é acompanhada no local desde 2005: “desde quando eu entrei aqui com ela, ela tem desenvolvido muito, muito bem, eu fico grata, porque aqui é muito difícil a gente achar um espaço que acolhe nossos filhos. Graças a Deus, tem esse espaço e está sendo maravilhoso”.
Atualmente, 515 pessoas com algum tipo de deficiência física e intelectual são atendidas no local. Com a ampliação da estrutura, é esperado que, até junho, esta quantidade chegue para 715.
A readequação é uma iniciativa do Governo do Estado através da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades). Presente à abertura oficial do serviço, a primeira-dama e presidente das Voluntárias Sociais da Bahia, Tatiana Velloso, fala do sentimento em fazer parte deste momento.
“Há 23 anos é realizado um trabalho importante de acolhimento, com o desenvolvimento humano das nossas crianças com paralisia cerebral, crianças, adolescentes, jovens, mas, também, com outras deficiências e o autismo. Esse momento é de festejo, de alegria, de garantia de direitos a partir de uma política pública. Também traz a transversalidade de outras políticas a partir do trabalho que a gente precisa fortalecer dessa entidade que é o NAPC”, destacou a primeira-dama.
O evento de inauguração também contou com a presença da ex-primeira-dama Fátima Mendonça; da diretora do NACPC, Daniela Caribé; do coordenador dos CSUs, Paulo Mota, além de parlamentares, profissionais, familiares e comunidade do Alto de Ondina.
O fundador e presidente do NACPC, Pedro Guimarães, destaca a importância do convênio com o Estado para ampliar o número de pessoas beneficiadas: “a parceria viabilizou isso em conjunto com as ações que já existem na Seades e no Ciac. Todos esses projetos serão integrados ao projeto com as crianças com autismo, que é uma demanda social muito grande hoje. Traremos a técnica da reabilitação, da questão sensorial das crianças e também o atendimento às famílias”.
A concessão do espaço é pelo prazo de 10 anos. Como contrapartida à cessão do prédio, o núcleo ficou responsável pela estruturação. Além disso, para um resultado mais efetivo das ações, as atividades do Ciac foram mantidas, proporcionando uma maior integração com a comunidade e promovendo a inclusão entre as famílias.
A secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Fabya Reis, lembrou que, no último dia 6 de abril, o governador Jerônimo Rodrigues assinou diversos atos em prol das pessoas com TEA: “isso representa o compromisso do nosso governo em buscar, cada vez mais, a parceria com as organizações, ampliando os espaços. Temos aqui um equipamento completamente reformado, nas adequações técnicas específicas para ajudar esse atendimento, esse acolhimento no meio da comunidade, expandindo em 200 vagas. Sem dúvida, as mães, que são o público maior direcionado deste cuidado e desta proteção, celebram conosco. Reafirmamos, então, o nosso compromisso de seguir construindo a eficiência”.
O espaço inaugurado nesta sexta conta com laboratórios sensoriais, quadra, piscina, área verde, parque, banheiros, sala de atividades e outros ambientes para oferecer a sensação de integração e autonomia às pessoas com o transtorno. Serão desenvolvidas terapias físicas e ocupacionais, apoio educacional personalizado, orientação familiar e encaminhamento para outras formas de suporte comunitário.
A equipe é multidisciplinar, composta por 20 profissionais de diversas áreas, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, fonoaudiólogos, psicólogos e pedagogos. No local, são realizados, também, cursos para formação e capacitação de professores para atendimento a pessoas com TEA. A “alta” (quando o tratamento acaba) é baseada no Plano Terapêutico Singular, em que cada área avalia, de seis em seis meses, o desenvolvimento dos pacientes.
O Núcleo de Atendimento à Criança e ao Adolescente com TEA é um centro especializado em reabilitação. O atendimento é inteiramente realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com financiamento das três esferas governamentais: Município, Estado e União.
Para ser acompanhado no local, é preciso ser encaminhado por alguma unidade médica. Neste momento, mais de 1.100 pessoas fazem parte da lista única de cadastrados com TEA.