Ao som de Malê Debalê, Grupo Quixabeira e Comemanche do Pelô, o governador Jerônimo Rodrigues, acompanhado do vice-governador e coordenador do Carnaval da Bahia, Geraldo Júnior, e de secretários de estado, lançou oficialmente na noite desta terça-feira (16), o Carnaval Ouro Negro 2024, no Largo Quincas Berro D’Água, no Pelourinho, em Salvador. Os secretários da cultura Bruno Monteiro, e da promoção da igualdade racial Ângela Guimarães, responsáveis pelo programa de incentivo, apresentaram as novidades para este ano, que terá o maior investimento da história do Ouro Negro no estado, com cerca de R$ 15 milhões destinados às manifestações culturais da diáspora na Bahia – o dobro do aportado em 2023. Na ocasião, o governador e o vice-governador entregaram oficialmente o Selo do Carnaval Ouro Negro 2024.
“É preciso destacar que esses blocos têm um papel muito importante. Primeiro de manter a cultura. Depois o fortalecimento da ancestralidade e da força do povo negro. Comprendendo isso, esse ano duplicamos o valor destinado ao Ouro Negro. Se não fossem as festas dos blocos afros, com certeza, o Carnaval de Salvador não seria o mesmo”, afirmou o governador Jerônimo Rodrigues.
Bruno Monteiro, secretário da Cultura pontuou que o Estado acredita na cultura popular, identitária, por isso esse empenho. “Tivemos um aumento de 127% no número de entidades beneficiadas, e o investimentono Ouro Negro não se limita ao Carnaval. Mas, inclui também outras festas populares, como lavagens, carnavais do interior, a micareta de feira de Santana. Abraçando todo esse conjunto de manifestações culturais que têm a cara e o jeito da Bahia”.
Esse ano, 132 propostas serão contempladas; 70 a mais relação a 2023. Serão 103 grupos só no Carnaval de Salvador. Entre estes, Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Olodum, Malê Debalê, Cortejo Afro, Bloco Alvorada, Bankoma e Banda Didá. O tema da festa popular é uma homenagem aos 50 anos da presença dos blocos afros nos circuitos: “Nossa energia é ancestral”. Para a festa, além dos tradicionais circuitos Dodô, Osmar e Batatatinha, as agremiações também participam dos circuitos Orlando Tapajós, Sérgio Bezerra, Riachão, Mestre Bimba e Mãe Hilda Jitolú. O programa também amplia a participação dos grupos para os carnavais do interior, Micareta de Feira de Santana, Lavagem de Itapuã e de Santo Amaro, outra novidade do Ouro Negro.
O coordenador do carnaval Geraldo Júnior lembrou que o Ouro Negro é a valorização dos artistas da Bahia e da cultura afro brasileira. “Nós tivemos mais de 130 propostas aprovadas, e isso me traz uma felicidade muito grande como coordenador-geral do Carnaval. São quase 15 milhões de investimentos no axé, no afro, no reggae, no samba, no samba de roda, ou seja, é a valorização dessas pessoas, músicos, artistas, do nosso povo, que faz a nossa história”, frisou.
A ampliação do Programa Ouro Negro, que apoia blocos de matriz africana, dos segmentos afro, afoxé, samba, reggae e indígena da capital e do interior, também conta com uma política de inclusão para inserção de entidades que tiverem no seu quadro diretivo pessoas LGBTQIAPN+, além de jovens negros e/ou mulheres negras. Mais faixas também foram incluídas para que mais grupos participassem e ampliar o número de beneficiados.
A titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais, Ângela Guimarães, explicou que um dos objetivos é também estimular o equilíbrio na presença de mulheres e pessoas LGBT na direção dos blocos. “Colocamos como sugestão para ampliar a pontuação, porque são princípios democráticos de justiça social, de integração da diversidade, que consideramos fundamentais no conjunto das políticas públicas. Então, a nossa forma é estimular, pontuando mais aqueles que atendam a esses pressupostos. É desse jeito que a gente vai reequilibrando a presença de mulheres e LGBT nos espaços de direção”, reforçou a secretária.
Um dos afoxés contemplados foi o Filhas de Gandhy, que dá destaque especial às mulheres negras. Nesse carnaval, o grupo completa 45 anos. Para a diretora do Filhas de Gandhy, Cherry Almeida, é um reconhecimento da resistência e da história das mulheres negras no carnaval. “É uma honra para nós. E ter um governo que reconhece, fortalece e empodera esse olhar das mulheres no carnaval é extremamente importante. Só um governo democrático consegue entender a importância de fortalecer as mulheres, em especial os blocos de mulheres. Nosso tema esse ano, inclusive, será o empoderamento das mulheres de axé”, afirmou.
História do Ouro Negro
O programa começou como edital em 2008. Em 2014, com a publicação da Lei nº 13.182, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia, o Programa Ouro Negro foi reconhecido como política pública.
Além de participarem dos desfiles, as entidades desenvolvem projetos que estimulam a cultura cidadã nas suas comunidades.