Para comemorar os 38 anos do reconhecimento do Centro Histórico de Salvador (CHS) como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), a Secretaria estadual da Cultura (Secult-BA), através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), vai investir R$ 7 milhões em ações de revitalização da área em 2024. Em 2023, o valor disponibilizado foi de R$ 1,3 milhão.
Esse recurso será utilizado para a requalificação de espaços históricos, a instalação do ‘Centro Odé Kayodê de Referência às Matriarcas de Matriz Africana’, casa em que nasceu Mãe Stella de Oxóssi (1925–2018), na Ladeira do Ferrão, e também no apoio a manifestações culturais.
Estão previstos ainda restauração, manutenção predial e acessibilidade do Solar Ferrão, que será transformado em Complexo Cultural. A edificação, reconhecida como a 1ª grande casa de Salvador, é originária do século XVII. Ela foi tombada individualmente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio do Brasil e considerada uma ‘âncora’ artística e cultural do CHS.
A diretora-geral do Ipac, Luciana Mandelli, reforça a importância desta iniciativa para a preservação histórica e cultural na capital. “O investimento no Centro Histórico tem a ver com toda essa movimentação que a gente tem feito, de reorganizar a política de patrimônio no estado, de ter essa voz que represente o conjunto das expressões e identidades, para que a população acesse mais os recursos públicos e a possibilidade de cultura e arte nos nossos equipamentos, que têm que estar abertos prioritariamente para a nossa comunidade”. Para ela, esse complexo de bens precisava receber um investimento de reformas e de readequação.
Ainda no Pelourinho, o Ipac apoia a Festa de Santa Bárbara, desenvolve a política pública de ocupação de 500 unidades imobiliárias na região, além de administrar e produzir a programação das coleções artístico-culturais dos Museus Tempostal e Udo Knoff, Walter Smetak, instrumentos musicais tradicionais Emília Biancardi, Arte Sacra e Arte Africana.
*Impacto no turismo*
Aproveitando o dia na região, Vilmário Araújo, morador de Guarulhos (SP), comemorou a ampliação dos recursos. Para ele, isso fortalece o turismo nesta área da cidade. “Vai ser muito bem-vinda para a gente ter uma boa estrutura para as crianças passearem com a família. Acho que essa infraestrutura vai ser muito legal para o turista”.
Lídia Francesca, comerciante, acredita que os benefícios serão sentidos por todos que frequentam os bairros do Centro. “Tudo que vier para o Centro Histórico, para melhor, é muito bom, tanto para o turista quanto para as pessoas que trabalham aqui”. Para Fábio Lima, que também trabalha na região, um investimento desse porte pode resultar em aumento da frequência de pessoas. “O Pelourinho já é um local bastante visitado e, as melhorias em alguns pontos específicos têm tudo para incrementar em vendas, em alegria, em visitas de pessoas”.
*Patrimônio da Humanidade*
O conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico da área é formado por edifícios dos séculos XVI ao XIX. A região detém o maior número de construções barrocas, de herança europeia, das Américas. A chancela de ‘Patrimônio da Humanidade’ da Unesco para o Centro Histórico da capital baiana foi concedida em 1985. A inscrição ratificou o tombamento do conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico do CHS feito pelo Iphan/Ministério da Cultura (MinC), no ano anterior, em 1984. A Unesco é vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU).