O presidente participará da cúpula do BRICS, na África do Sul, fará uma visita oficial a Angola e depois irá à reunião dos países de língua portuguesa em São Tomé e Príncipe
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcará no próximo domingo, 20/8, para a primeira viagem de grande porte à África. Agendas em três países reforçam o compromisso do Brasil em ampliar alianças com o continente africano. Além da cúpula do BRICS, na África do Sul, Lula realiza visita de Estado a Angola e participa da cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em São Tomé e Príncipe.
BRICS – A 15ª Cúpula dos Chefes de Estado do BRICS será a primeira a ser realizada de forma presencial desde o início da pandemia de Covid-19. Dos países do bloco, estarão presentes os presidentes Lula (Brasil), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e Xi Jinping (China), e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participará de forma remota.
“A reunião tem três questões importantes que serão tratadas. A primeira é a expansão do BRICS, algo que não é novo. A entrada da África do Sul em 2011 foi a primeira ampliação”, explicou o embaixador Eduardo Saboia. “O segundo item importante é a presença de muitos líderes africanos. A África do Sul quer chamar a atenção para questões relativas à África, não só em termos de desafios, mas também de oportunidades. O terceiro elemento é a discussão sobre a questão do uso de moedas locais para transações comerciais, uma eventual unidade de referência do BRICS. É possível que haja um resultado nessa área”.
Na terça-feira, 22/8, os líderes participarão de um fórum empresarial, e depois farão um retiro, um evento apenas com os chefes de Estado e governo e dos respectivos ministros das Relações Exteriores. O chanceler russo, Sergei Lavrov, estará presente.
Já na quarta-feira, 23/8, acontece a reunião de cúpula entre os líderes do bloco, em duas sessões. No dia seguinte, 24/8, na última etapa do evento, ocorre o encontro estendido com os países-membro do BRICS e cerca de 40 países convidados, em sua maioria chefes de Estado e governo de nações interessadas em ingressar no bloco, vindos da África, da América do Sul, do Caribe e da Ásia.
ANGOLA – A cooperação bilateral e o reforço das ligações históricas serão os principais temas da visita do presidente Lula a Angola, nos próximos dias 25 e 26/8, sexta-feira e sábado. Ele irá diretamente de Joanesburgo para a capital angolana, Luanda, onde será recebido pelo presidente João Lourenço, com quem terá uma reunião privada e outra ampliada no primeiro dia da visita.
As relações entre os dois países são intensas desde 1975, quando o Brasil foi a primeira nação a reconhecer a independência de Angola. Em 2010, no segundo mandato do presidente Lula, os governos brasileiro e angolano firmaram uma parceria estratégica para ampliar a cooperação em diversas áreas. Além da África do Sul, é o único país africano com o qual o Brasil tem relações dessa profundidade.
“É uma relação que se desdobra em vários setores. Além de se reunir com o presidente João Lourenço, o presidente Lula irá se dirigir à Assembleia Nacional de Angola, e também participar de um seminário, onde irá falar de um projeto no vale do Cunene, e de um evento empresarial que deverá ter a presença de cerca de 60 empresários brasileiros”, contou o embaixador Carlos Duarte, secretário de África e Oriente Médio do MRE.
O Programa de Desenvolvimento Regional do Vale do Cunene, área no sul do país castigada pela seca, é desenvolvido a partir de parceria com a Embrapa, e utiliza técnicas de agricultura e irrigação aplicadas no Vale do Rio São Francisco, que possui condições climáticas e de solo semelhantes a essa região do Brasil.
CPLP – No domingo, 27/8, último dia da viagem, o presidente Lula irá a São Tomé, capital de São Tomé e Príncipe, para participar da 14ª Conferência de Chefes de Estado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), entidade que tem como membros Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
“É um foro importante para os países de língua portuguesa estabelecerem apoio mútuo para outros organismos internacionais. A presidência da CPLP será passada de Angola para São Tomé e Príncipe nessa cúpula, depois de uma atuação forte em termos de cooperação econômica nos últimos anos”, explicou o embaixador Carlos Duarte.