Nesta sexta-feira (25) comemora-se o Dia Nacional da Baiana de Acarajé, cujo ofício é patrimônio imaterial do país desde 2004 e um dos principais símbolos da cultura e gastronomia de Salvador e da Bahia. Para celebrar a data, as baianas são as homenageadas do Festival de Cultura Popular, evento gratuito que reúne a riqueza das manifestações culturais, do artesanato e culinária da capital e do Recôncavo baiano no Centro Histórico de Salvador, este fim de semana.
Para marcar as homenagens, uma missa foi celebrada à tarde para as baianas e para os Filhos de Gandhy na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, pelo padre Lázaro Muniz. Antes da celebração, foi realizado um cortejo que partiu do Largo Cruzeiro de São Francisco, seguiu pela Rua do São Francisco e foi recepcionado pelas baianas na porta da igreja.
O padre Lázaro Muniz agradeceu pela realização do Festival de Cultura Popular e disse esperar que o evento possa ter continuidade. “Que esse festival simbolize a manifestação de coisas boas, da baiana com a sua beleza, que sempre sabe mostrar o que ela tem no seu tabuleiro. Todas essas coisas representam a graça de Deus, que nós expressamos nas suas diversas formas”, afirmou durante a celebração.
“É uma homenagem muito importante para nós, baianas, pois hoje é o nosso dia. Eu faço parte da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam) como coordenadora, sou baiana de receptivo há 15 anos e sou muito grata por esse ofício”, contou Claudina Silva, presente na missa.
A baiana Edilene Carvalho, 42 anos, falou um pouco sobre o orgulho que ela tem da própria atividade. “Eventos como esse só reforçam o nosso orgulho no exercício do nosso ofício, além de divulgar também um pouco da nossa cultura para outros estados e até mesmo para fora do país”, destacou.
Integrante da Irmandade Nossa Senhora da Cachoeira, a baiana Joselita Sampaio Alves, de 79 anos, também ressaltou o orgulho pelo reconhecimento. “Nos sentimos muito orgulhosas. Contamos com pessoas que dão respeito à nossa ancestralidade. Nós somos uma fonte de fé que seguramos e jamais vamos deixar cair. Estamos felizes, satisfeitas e que Deus abençoe a todos nós”, disse.
Valorização – A Prefeitura de Salvador tem realizado diversas ações com o objetivo de valorizar um dos principais símbolos da cidade. Em maio deste ano, foi entregue o Memorial das Baianas de Acarajé, um dos importantes equipamentos históricos e culturais de Salvador, situado na Praça da Sé, ao lado da Cruz Caída.
Inaugurado em 2009, o memorial retrata a história e tradição do ofício das baianas. A revitalização buscou resgatar a função de exposição permanente da história das baianas e possibilitar a realização de eventos e divulgação da gastronomia regional, especialmente do acarajé.
O projeto foi elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), a curadoria foi coordenada pela Fundação Gregório de Mattos (FGM) e as obras foram executadas sob a supervisão da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra).
Além do Memorial situado no Centro Histórico, as baianas de acarajé também estão representadas em um monumento instalado pela Prefeitura no trecho da orla de Amaralina. Assinada pelo artista plástico Bel Borba, a escultura consiste em uma baiana vestida com babados e saia rodada, torço, panela entre as pernas e colher de pau em punho, preparando massa de acarajé. A peça mede quatro metros de altura, com peso de 16 toneladas, e visa ressaltar a importância histórica e cultural das quituteiras.
Censo – A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo de Salvador (Prodetur), promoveu um censo com o objetivo de identificar e mapear as baianas de Salvador e das ilhas. A pesquisa foi realizada no ano passado e contou com georreferenciamento, perguntas sobre cor, gênero, raça, renda, situação familiar, tabuleiro e ponto de venda. Foram levantadas ainda as dificuldades e necessidades que elas têm de modo a melhorar os pontos de vendas nas ruas. O censo ainda será divulgado pela Prefeitura e as baianas ouvidas receberão um kit padronizado para a melhoria das vendas dos produtos.
Programação – O Festival de Cultura Popular segue até o próximo domingo (27), na região do Centro Histórico. Ao todo, estão programadas 22 atrações artísticas de Salvador, Santo Amaro, Acupe, Maragogipe, São Félix, São Bartolomeu, Saubara, São Brás e Maracangalha. Nesse período, está sendo realizada uma edição especial da Feira da Sé, reunindo 45 expositores de produtos de artesanato das regiões participantes do projeto.
A gastronomia também marca presença com a participação dos restaurantes e bares do Centro Histórico, através do Caminho da Comida Afetiva do Recôncavo. Amanhã, as ruas do Pelourinho recebem o cortejo do grupo Pierrot de Plataforma, de Salvador. Outras atrações estão marcadas para o dia. Confira a programação completa abaixo.
Programação do Festival de Cultura Popular:
Dia 26 (sábado)
10h – Cortejo pelas ruas do Pelourinho com o Pierrot de Plataforma, de Salvador
10h – Abertura – Feira da Sé – Largo do Cruzeiro do São Francisco
10h30 – Apresentação de Maculelê e Puxada de Rede de Santo Amaro, no palco do Cruzeiro do São Francisco
11h – Caminho da Comida Afetiva do Recôncavo – roteiro gastronômico dos bares e restaurantes que estarão abertos a partir deste horário
11h30 – Cortejo pelas ruas do Pelourinho com o Lindro Amor, de Santo Amaro
12h – Apresentação do Samba Filhos de Cadú, de São Félix, no palco do Cruzeiro do São Francisco
14h – Roda de capoeira com a Associação de Capoeira Mestre Bimba, no Largo do Cruzeiro do São Francisco
15h – Cortejo pelas ruas do Pelourinho com o Nego Fugido, de Acupe, Santo Amaro.
15h30 – Apresentação do Samba Chula de São Brás, de Santo Amaro, no palco do Cruzeiro do São Francisco
16h30 – Cortejo pelas ruas do Pelourinho com o Caretas do Acupe, Santo Amaro.
17h – Apresentação do Samba de Roda João do Boi, de Santo Amaro, no palco do Cruzeiro do São Francisco
18h – Show de Roberto Mendes, no palco do Cruzeiro do São Francisco
Dia 27 (domingo)
10h – Cortejo pelas ruas do Pelourinho com Mascarados de Maragogipe
10h30 – Apresentação do Samba de Maragogó, no palco do Cruzeiro do São Francisco
11h – Caminho da Comida Afetiva do Recôncavo – roteiro gastronômico dos bares e restaurantes que estarão abertos a partir deste horário
11h30 – Cortejo pelas ruas do Pelourinho com o Bumba Meu Boi e a Burrinha de São Bartolomeu
12h – Apresentação do Samba de Maracangalha, no palco do Cruzeiro do São Francisco
14h – Roda de capoeira com a Associação de Capoeira Mestre Bimba – Largo do Cruzeiro do São Francisco
15h – Cortejo pelas ruas do Pelourinho com a Charanga de São Félix
15h30 – Apresentação da quadrilha Forró Asa Branca, no palco do Cruzeiro do São Francisco
16h30 – Cortejo pelas ruas do Pelourinho com a Chegança de Saubara.
17h – Apresentação do Samba de Dona Nicinha, no palco do Cruzeiro do São Francisco
Encerramento
Foto: Otávio Santos/Secom.