Integrar diversas formas linguagens artísticas e culturais num único evento, que presenteia a o município de Aporá pelos seus 64º anos de emancipação política, está é a proposta do I Festival de Arte, Cultura e Capoeiragem de Aporá, que será realizado nos dias 13 e 14 de Agosto, dentro dos festejos que marcam mais um aniversário da terra do Monte Belo.
A Associação Sociocultural de Capoeira Regional Bimbaê, idealizadora e realizadora do Festival, afirma que Aporá carece de ações desse porte, que projetem o nome da cidade no cenário estadual e brasileiro. Já está confirmada a presença de mais de 150 capoeiristas de diversas cidades, como: Salvador, Pojuca, Mata de São João, Camaçari, Dias D´Ávila, Cardeal da Silva, Conde, Esplanada, Sátiro Dias, Nova Soure, Acajutiba, Entre Rios, Inhambupe, Cipó, dentre outras. “Isso traz um incremento não apenas do ponto de vista cultural, para Aporá, mas economicamente falando, pois são dezenas de pessoas que estarão por dois dias, consumindo dentro do município e muitos ficarão para os festejos de emancipação da cidade”, afirma a Contramestra Nady, presidente da Associação.
O Festival terá uma extensa programação. No dia 13, sábado, a partir das 13h30, na Quadra Poliesportiva da Escola Oliveira Brito, teremos:
13h30 – Roda de Capoeira Regional
14h00 – Apresentações artísticas e culturais
14h40 – Apresentação dos convidados
15h20 – Graduação dos alunos
16h40 – Agradecimentos
17h10 – Roda Aberta aos convidados
17h40 – Encerramento
O destaque do sábado fica por conta da graduação e troca de graduação dos alunos do Núcleo Bimbaê Aporá. A maioria destes alunos serão agraciado com a primeira graduação, “de uma caminhada longa dentro da Capoeira, que na Associação Bimbaê pode chegar a, no mínimo, 30 anos de prática da Capoeira, até a última graduação (de Mestre)”, afirma a Contramestre Nady.
Para o domingo, 14, a Associação Bimbaê promete arrastar os capoeiristas pelas ruas de Aporá, com a realização de uma “berimbalada”, seguida de uma roda tradicional de Capoeira Regional, a partir das 8h, encerrando as atividades.
A Capoeira Regional Bimbaê em Aporá
Idealizada pelo Contramestre Crente (Caio Marcel Simões Souza), filho de Aporá, onde praticou a Capoeira pela primeira vez, em sua adolescência, a Associação de Capoeira Regional Bimbaê sempre esteve presente nas ações desenvolvidas por ele, no município. Todavia, foi no ano de 2019 que o trabalho se solidificou e os treinos passaram a ser frequentes.
Em entrevista, o Contramestre Caio Crente nos dá um panorama riquíssimo da história aporaense, relacionada à cultura afro-brasileira. Confira o seu relato:
“Historicamente, Aporá foi um dos locais em sua região que mais receberam escravizados. No censo realizado no ano de 1872, dos 9.950 moradores da então Freguesia do Aporá, 1.523 eram pretos. Deste, 1.206 eram escravizados. É comum, principalmente no início de sua criação, relacionarmos os escravizados à prática da Capoeira. Todavia, a lacuna provocada pela falta de documentos relacionados a esse período histórico da cidade, impossibilita qualquer identificação da sua prática, no município.
Podemos afirmar, com maior precisão, que os primeiros registros, práticas e ensino da Capoeira data dos anos 1980. Nesta década, destacam-se dois praticantes: Abraão e um antigo padeiro que trabalhava na padaria de “Seu Dinda”, do qual não se tem registro do nome. Ambos, além de praticantes, transmitiram seus ensinamentos aos adolescentes e jovens da cidade, tais como: eu, Gerson Pinto, Manoel Silva, Mauro Silva, dentre outros.
No início dos anos 2000, passei a apoiar o desenvolvimento da Capoeira no município, atuando em ações realizadas pelos Mestres Gilvan (Grupo Zumbi dos Palmares) e Gavião (Grupo Gavião Dourado), tendo realizado diversos intercâmbios entre meus alunos e esses grupos.
Em 2019, com o apoio do Centro Educacional Eleutheria, a Associação de Capoeira Regional Bimbaê iniciou um trabalho direcionado ao público infantil daquele Centro. No ano seguinte, por conta da Pandemia do Covid-19, as aulas foram interrompidas.
No final de 2020, as atividades foram retomadas e as aulas passaram a ser abertas ao público em geral, de forma gratuita, tendo como local de realização do projeto a Lagoa do Aporá. Já em 2021, recebemos o apoio do Espaço Recreativo Recanto da Sereia, onde as aulas passaram a ser realizadas.
Atualmente, realizamos as nossas ações (aulas e rodas) na Praça Coronel Francelino e na Lagoa do Aporá, tendo a aluna Baiana (Joice Bispo de Jesus), como responsável. Apesar da enorme falta de apoio por parte do poder público local, o projeto é muito bem aceito pela comunidade e hoje atende a cerca de 50 pessoas, entre crianças, jovens e adultos, com aulas realizadas semanalmente”.
A Associação de Capoeira Regional Bimbaê já realizou diversos eventos socioculturais. Alguns em parceria com outras instituições, outros realizados pela própria Associação. Podemos citar, como exemplo:
– Projeto Criança Feliz, realizado no Povoado do Cocó;
– SOS Lagoa do Aporá;
– I Aulão de Capoeira Regional Bimbaê em Aporá;
– II Aulão Inclusivo de Capoeira;
– III Aulão de Capoeira Regional, como tema; “Prevenção ao Suicídio e Automutilação”.
Como vimos, o Bimbaê tem uma longa caminhada e promete colher muitos bons frutos em Aporá. Então, não percam, no próximo final de semana Aporá será a terra da ginga!
Por Ascom ASCRB