Durante este mês de julho, os multicentros de saúde e as unidades básicas da rede municipal, em Salvador, intensificaram as ações de incentivo ao diagnóstico das hepatites virais. As atividades fazem parte do Julho Amarelo, campanha nacional que reforça as ações de vigilância, prevenção e controle da doença.
Por mês, aproximadamente duas mil pessoas são acolhidas nas unidades especializadas. Além dos testes rápidos, ao longo deste mês, os profissionais de saúde realizam a sensibilização com os usuários dos serviços, quanto à importância da vacinação e outras medidas preventivas.
No Multicentro de Saúde localizado na Rua Carlos Gomes, no Centro de Salvador, a médica Luane Matos atende os pacientes no ambulatório, voltado para o cuidado das hepatites virais. Ela destaca a importância do espaço, localizado no terceiro andar da unidade de saúde. “O paciente já vem direcionado para o diagnóstico e tratamento da doença, ele não fica passando por diversos médicos, para que seja feita uma prescrição. O encaminhamento é mais rápido, assim como o tratamento”.
Aos 34 anos, Maria S. descobriu a hepatite durante a gestação. Ela fez o pré-natal e hoje é atendida no ambulatório da Carlos Gomes. “Para mim foi bom, porque descobri cedo. Quando soube fiquei preocupada, aflita, achando que era o fim, mas conversei com a médica que me explicou tudo direitinho e de lá para cá estou mais tranquila. Já comecei o tratamento e está tudo certo. Saber que a gente tem esse local para receber o tratamento é um alívio, estou em boas mãos aqui, estou sendo bem cuidada”, revelou.
Diagnóstico precoce – A testagem rápida com diagnóstico para hepatites virais pode ser realizada nos Multicentros de Saúde de Salvador e nas unidades básicas de saúde da rede municipal, com resultado em até 30 minutos. Os exames podem ser feitos de segunda a sexta-feira, exceto aos feriados, das 8h às 17h, por demanda espontânea e hora de chegada.
O teste para detecção de hepatite C pode ser feito em pessoas acima de 40 anos, gestantes, que receberam transfusão de sangue e hemoderivados, antes de 1993, pessoas com tatuagens ou piercings, familiares de pessoa portadora da hepatite C, pessoas que tiveram relações sexuais desprotegidas e aquelas que têm alguma Infecção Sexualmente Transmissível (IST).
No setor de testagem, localizado no sexto andar, a técnica Iris Sampaio chega a fazer 25 exames por dia. Destes, de quatro a cinco dão positivo para as hepatites. “É importante ampliar o conhecimento sobre a testagem rápida, que muitos pacientes não têm. Essa campanha tem sido fundamental para divulgar a ação preventiva. Depois da testagem, é feito o encaminhamento para o laboratório de referência e o paciente é orientado a iniciar o quanto antes o tratamento”, explicou.
O aposentado João Edmilson de Almeida, de 67 anos, é morador do Alto do Coqueirinho e ficou sabendo da campanha através de uma reportagem na televisão. Ele achou importante fazer o teste, pela primeira vez. “É a minha saúde, então procuro sempre me cuidar. É a primeira vez que faço e digo a todos que façam, porque é importante para a saúde prevenir. Aproveitei e fiz todos os exames e graças a Deus deu tudo certo”, comemorou.
Prevenção – Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que apenas uma em cada 20 pessoas com hepatite sabe que tem o vírus. O órgão global projeta ainda que cerca de 400 milhões de indivíduos estejam infectados pelos vírus das tipologias B e C, em todo o mundo. Por isso, o incentivo ao diagnóstico precoce é fundamental para conter a cadeia de transmissão da doença.
A prevenção é a melhor forma de evitar as hepatites virais. Por isso, é importante adotar medidas como a vacinação. A rede pública dispõe de doses contra hepatites A, para crianças até cinco anos, e B. Além disso, é indispensável o uso de preservativo nas relações sexuais, bem como evitar reutilizar materiais perfurocortantes de uso único, como agulhas.
Assistência integral – Os pacientes com o resultado positivo realizam novos exames confirmatórios e são encaminhados para os ambulatórios especializados na assistência integral ao portador de hepatites. Os ambulatórios ficam dentro dos Multicentros Carlos Gomes e Vale das Pedrinhas, que oferecem ainda atendimento médico multidisciplinar e medicamentos para o tratamento. O Serviço Municipal de Assistência Especializada (Semae), no Multicentro Liberdade, também acolhe os pacientes diagnosticados com hepatite.
O tratamento pelo SUS é gratuito. A medicação é via oral, com duração de aproximadamente 12 semanas e com índice de cura superior a 90%, na maioria dos casos.
Foto: Jefferson Peixoto/Secom