Por dever de ofício, convivo todos os dias com as lamúrias de quem apenas testemunha ou sente na própria pele os impactos da violência que assola Salvador nos últimos meses. Diariamente, este site reporta assaltos e assassinatos. Com justa razão, todos se perguntam: o que está acontecendo com a cidade que, se não chegava a ser um oásis de tranquilidade, ao menos não era o inferno infestado pelo crime, como agora?
De cada dez policiais ouvidos pelo site (e por mim mesmo), todos recorrem à mesma teoria para explicar essa explosão de violência na capital: o tráfico de drogas, aliado ao exército liderado por facções criminosas (algumas de dentro do presídio instalado nos arredores da área urbana), está por trás da onda de medo e do banho de sangue.
Aqui e acolá aparecem especialistas em coisa nenhuma propondo medidas sem pé nem cabeça: da simples execução de suspeitos a bala, até a interrupção das fiscalizações de trânsito para que sobrem mais policiais no encalço de “bandidos de verdade”. Isso demonstra que, já saturados de tanta desgraça, os soteropolitanos já vêem com certa naturalidade (e até esperança), medidas extremas –que, além de tudo, são também ilegais!
A Bahia em geral, e Salvador em particular, dispõe de policiais, civis e militares, preparados para lidar com bandidos de toda espécie. O que aparentemente representa o problema é o número insuficiente de agentes da lei à disposição do Estado. E aí, esbarra-se no orçamento minguado, que não consegue cobrir também as demandas em outras áreas vitais, como saúde e educação. Resumindo: temos o problema… agora é só achar a solução!
Claro que cada um, tendo ou não conhecimento sobre o tema, tem todo o direito de opinar sobre alternativas para a segurança pública. Ainda que as medidas sugeridas não encontrem respaldo entre os profissionais do segmento, a simples exposição de ideias ao menos mostra o desejo da sociedade de debater o tema.
O que tenho visto, e isto, sim, não ajuda em nada, é culpar a polícia pela desgraça cotidiana que atinge todos nós. Se há uma coisa que não falta em meio a esta tragédia é empenho e dedicação dos PMs e dos agentes da Polícia Civil.
E duro (e até chato!) Admitir, mas a verdade é que essa flagrante vantagem dos bandidos sobre os mocinhos decorre do fato de que eles também são dedicados e têm muita motivação para agir. Com a “vantagem” de não precisarem obedecer a lei…