“Eu sou você, sou você e você não sabia”. Com o trecho da canção Alegria da Cidade, de Lazzo Matumbi, e o objetivo de mostrar que todos são iguais, a Fundação Cidade Mãe (FCM) realizou um debate sobre os 20 anos da Declaração de Durban e apresentou o Programa de Combate ao Racismo Institucional do órgão. A atividade marcou o encerramento da programação do Novembro Negro da instituição.
O evento foi ministrado pela pedagoga e coordenadora do Fórum de Diversidade Etnico-Racial da Bahia, Milena Nascimento, que trouxe questões raciais relevantes aos jovens estudantes da instituição. A programação contou ainda com apresentações artísticas dos alunos, além de homenagem às baianas de acarajé.
Presente na ocasião, a secretária municipal de Reparação (Semur), Ivete Sacramento, ressaltou a importância da realização de um trabalho permanente de combate ao racismo. “A gente costuma dizer na Semur que todo dia é dia de negro e negra, mas em novembro a gente tem a culminância de todo trabalho realizado pelas secretarias no combate ao racismo interno. Especificamente aqui na Fundação Cidade Mãe, essas ações têm um caráter especial porque as atividades da instituição refletem na nossa juventude e crianças de Salvador. Vimos um recorte fantástico de combate a intolerância religiosa e antirracista”, declarou.
Para Milena Nascimento, tratar sobre a intolerância e o racismo é um exercício diário na FCM. “Nossos jovens são pessoas que vivem o racismo diariamente e lidam com educadores e informadores, que precisam ter essa visão apurada. A discriminação religiosa e preconceitos correlatos não são um imaginário nem ‘mimimi’, não é brincadeira ofender o outro”, destacou.
A pedagoga também destacou a relevância do documento para os negros soteropolitanos, lembrando ainda da regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial de Salvador, sancionado pelo prefeito Bruno Reis na semana passada. “A Declaração de Durban é muito feliz quando ela traz essa agenda durante esses 20 anos. Tivemos muitos avanços na cidade de Salvador. Semana passada, foi assinada a reafirmação dessa agenda e a proposta é que, a partir daí, nós possamos fazer valer o que determina as leis, no sentido de beneficiar a maioria da população. Esse é o propósito”, completou.
História – A Declaração de Durban surgiu como fruto da III Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, realizada em setembro de 2001, na África do Sul, e contou com mais de 16 mil participantes de 173 países. O documento, além do Programa de Ação de Durban, expressa o compromisso das nações no combate a todas as formas de racismo e discriminação racial.
Foto: Bruno Concha/Secom