As discussões sobre racismo ganharam maior proporção e existe uma razão: o Brasil ficou ainda mais racista. A cultura do ódio afetou não apenas os negros, mas todas as minorias. É preciso avançar com a (re)civilização da população e garantir o respeito, a dignidade e boa convivência entre todos os povos e raças dentro de uma mesma nação.
De acordo com o Atlas da Violência 2021, elaborado por meio de uma parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do Ministério da Economia, e o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), a chance de uma pessoa negra ser assassinada no Brasil é 2,6 vezes superior àquela de uma pessoa não negra. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes negros no Brasil em 2019 foi de 29,2, enquanto a da soma dos amarelos, brancos e indígenas foi de 11,2.
O racismo estrutural também demonstra o quanto o Brasil precisa melhorar. De acordo com a Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua, a taxa de desemprego entre os que se declararam brancos (10,2%) ficou abaixo da média nacional (12,7%) no primeiro trimestre deste ano. Enquanto isso, entre as taxas entre pretos (16%) e pardos (14,5%) – categorias usadas pelo IBGE que dizem respeito à população negra – ficaram acima.
Na educação os dados melhoraram. Segundo a pesquisadora Tatiana Dias Silva, autora de estudo sobre ação afirmativa e população negra na educação superior, publicado em agosto pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 36% dos jovens brancos naquela faixa etária estão estudando ou terminaram sua graduação. Entre pretos e pardos, esse percentual cai pela metade: 18%.
O Brasil é uma pátria ampla em todos os sentidos, e, assim, não faz sentido limitar a sociedade em questões raciais, mas é preciso oportunizar que todos possam crescer, desenvolver e progredir independente de questões étnicas.