Patrocinadora era candidata única e comandará o clube até o fim de 2024
Leila Mejdalani Pereira, de 57 anos, foi eleita neste sábado a presidente do Palmeiras para os próximos três anos. A conselheira e patrocinadora do clube recebeu 1897 dos 2141 votos na assembleia de sócios, realizada na sede social, e é a primeira mulher a assumir o comando do Verdão em toda sua história.
A presidente da Crefisa e Faculdade das Américas era candidata única no pleito e terá os seguintes vices: Paulo Roberto Buosi, Maria Tereza Ambrósio Bellangero, Neive Conceição Bulla de Andrade e Tarso Luiz Furtado Gouveia. Buosi é o único da gestão de Maurício Galiotte que permanece.
Mandatária do Verdão até 2024, Leila diz que sua gestão terá dois pilares: a montagem de um time vitorioso e a aproximação do clube com sua torcida.
– Tenho dois grandes pilares nesta gestão. O primeiro: um Palmeiras cada vez mais vitorioso, chega de protagonismo. Protagonistas já somos, queremos ser vitoriosos. Não quero segundo lugar, quero o primeiro. Vamos trabalhar por isso. E aproximar o torcedor com o seu time. É claro para mim, é para isto que estou aqui, para olhar pelos nossos milhões de torcedores. Nosso grande patrimônio está fora do clube. Eu vou continuar fazendo o trabalho com o associado, mas temos de olhar esta multidão fora do muro, dar acesso ao nosso clube, proximidade, com possibilidade de comprar ingressos acessíveis, o torcedor poder comprar uma camisa compatível, que ele possa comprar. Eu vou trabalhar muito fortemente nisso – afirmou.
– O Palmeiras vai estar onde o torcedor estiver. O acesso do nosso torcedor ao nosso time vai ser muito próximo. São dois grandes pilares: time vitorioso e aproximação cada vez maior do torcedor com o time. Claro, com transparência total, porque quando eu sou eleita, eu sou presidente, procuradora e porta-voz de milhões de torcedores para administrar este gigante que é o Palmeiras. Tenho obrigação de ser transparente. É isto que vou fazer – completou.
A votação ocorreu durante o sábado em dia que teve boa frequência no clube. Além de brindes, os associados tiveram à disposição serviços de alimentação, transporte, estética e entretenimento.
Depois da divulgação do resultado, a nova presidente se dirigiu até a Rua Palestra Italia para discursar aos torcedores e distribuir camisas oficiais do Verdão. No retorno para a sede, fez mais um pronunciamento diante de sócios, membros da torcida organizada e conselheiros, entre eles o presidente Maurício Galiotte, que teve sua gestão bastante elogiada pela sucessora.
Após agradecimentos, ela convocou a entrada da escola de samba Mancha Verde para uma apresentação, com direito a músicas de exaltação e distribuição de bebidas.
Depois de ter sua chapa aprovada pelo Conselho Deliberativo, Leila precisava do crivo dos sócios. Por ser a única candidata, era necessário apenas obter a maioria simples do número de votos para confirmar a vitória. Ela assume a presidência no dia 15 de dezembro.
Nascida em Cambuci (RJ), Leila Pereira é formada em jornalismo e direito e assumiu o comando da Crefisa em 2008. A nova mandatária tornou-se uma figura importante no Palmeiras a partir de 2015, quando ela e seu marido, José Roberto Lamacchia, começaram a patrocinar o clube.
Com o início de uma parceria bem-sucedida, que já rendeu dois títulos brasileiros, dois da Copa do Brasil, uma Libertadores e um Paulistão, Leila e Lamacchia ingressaram na vida política do clube, ainda que isto tenha gerado divergências, já que opositores argumentaram que ela não tinha tempo suficiente como associada para lançar candidatura ao CD.
O próprio Conselho Deliberativo, porém, considerou que o rito foi legal e autorizou que ela assumisse. Foi o início de uma sequência de vitórias importantes do grupo de Leila nos bastidores do clube.
Em 2017, ela foi eleita conselheira com recorde de votos (248) e em fevereiro deste ano foi reeleita batendo a própria marca, com 387 votos. O segundo mandato era necessário para que ela pudesse concorrer à presidência agora.
Em meio a questionamentos de um conflito de interesses por patrocinar e agora presidir o Palmeiras, Leila negociou a renovação do contrato da Crefisa e da Faculdade das Américas antes da eleição.
– Eu não vejo nenhum conflito de interesses por ser patrocinadora e presidente. Olha o código de ética da CBF, artigo 13, tópico 4. O código é claro, dizendo que não é conflito de interesses ser patrocinador e dirigente. Eles se preocupam com quem tira dinheiro; eu só coloco. Tem um documento que diz que não é conflito de interesses – respondeu Leila.
O artigo citado pela nova presidente do Verdão no código de ética diz que “constituem situações de conflito de interesse, exemplificativamente: celebrar contrato com empresa da qual o dirigente, seu cônjuge ou companheiro(a), ou parentes, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, sejam sócios ou administradores, exceto no caso de contratos de patrocínio ou doação em benefício da entidade desportiva”.
O acordo é válido até o fim de 2024, quando se encerrará a gestão de Leila, e rende pouco mais de R$ 80 milhões ao clube por ano, podendo chegar a R$ 120 milhões dependendo de premiações.
A dirigente avisou que irá se afastar do dia a dia das empresas para gerir o clube e diz não descartar ouvir propostas de patrocínio melhores, mesmo que isto signifique tirar suas marcas do uniforme alviverde.
– O contrato de patrocínio renovamos com o Maurício por três anos. O contrato que está na vigência, se tiver qualquer questionamento, quem vai decidir é o Conselho Deliberativo. O contrato de patrocínio termina com o meu mandato, quem vai decidir é o Conselho. Não vou falar nem em relação à Crefisa, nem ao Palmeiras. Muitos falam se aparecer um patrocinador idôneo, que queira colaborar com um valor superior ao que eu colaboro, submeto ao Conselho, mas se eu puder opinar, abro mão da Crefisa e FAM e coloco o melhor para o Palmeiras. Vou fazer o melhor para o Palmeiras, vou estar incorporada no nosso clube e torcedor.
Por:GE