Fusão patina
Mesmo já anunciada, a fusão entre o PSL e os Democratas depende ainda de convenções nacionais dos partidos nas próximas semanas para ser ratificada e os entendimentos patinam em pelo menos nove estados. Também em Rondônia, o novo partido denominado União Brasil, provoca desentendimentos entre as partes, já que o PSL é mais
representativo que o DEM e por isto exige o comando estadual.
Rachas, fogueiras de vaidades, acordos que não se concretizam seguem entravando o nascimento da nova legenda mas espera-se que as pendências sejam resolvidas ainda em outubro.
Uma tendência
A nova legenda, denominada União Brasil, nasce com tendência bolsonarista e desde já todo mundo liberado nos
estados para apoiar o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Tudo indica que ACM Neto, que já foi cogitado para ser vice na futura chapa do presidente, esteja preparando o terreno para Bolsonaro entrar de mala e cuia no novo partido.
Presidenciáveis anteriormente cogitados pelo PSL já estão berrando ao serem preteridos pelos comandos da nova legenda de tendência direitista. Políticos de orientação bolsonarista canina estão aderindo sinalizando futura adesão do “capetão”.
O negacionismo
Numa coisa tanto o atual presidente Jair Bolsonaro, como o ex-presidente Lula, considerados hoje os grandes candidatos para 2022, concordam. Dizem que não existe e não vai ser criada uma terceira via e tentam até ridicularizar o movimento em busca de um nome alternativo para comandar os destinos da Nação. Para ambos, a polarização raivosa existente no País, que tanto divide a nação, é interessante, já que com isto podem galgar ao segundo turno para seguir em frente, mesmo com as elevadas taxas de rejeição que envolvem as duas postulações.
Acordado, meu bem?
Um senador de 1º mandato não dorme há semanas. Tem dinheiro suspeito depositado por lobista de uma importadora de medicamentos numa conta. Pior, na conta da esposa.
Aqui, não!
Vez ou outra, o senador Eduardo Girão (PODE-CE) ataca projetos de legalização dos jogos – até na CPI da Pandemia. Católico fervoroso e contra jogatina, chegou a barrar a venda de hotel da família por quase R$ 90 milhões em Fortaleza, porque o potencial comprador português sonhava um dia, ali, abrir cassino, se a legislação permitisse.
Tremor
A cada vez que o vice-governador João Leão (PP) se posiciona sobre a sucessão estadual, assegurando que vai disputar as próximas eleições ao governo, os deputados estaduais e federais do partido estremecem, temerosos de que ele estique a corda para além do necessário e acabe comprometendo a relação de todos eles com o governador Rui Costa (PT) e o senador Jaques Wagner, candidato do PT a governador em 2022. Por este motivo, não está descartada a criação de uma força-tarefa para convencer Leão a diminuir o tensionamento e aceitar uma negociação com as forças governistas mesmo que não possa concorrer ao Senado, espaço reservado pelos dois líderes petistas a Otto Alencar (PSD).
Quem ganha
Na torcida pela vitória de Eduardo Leite nas prévias que escolherão o candidato do PSDB à Presidência da República, os tucanos baianos também estimam que deve ser efetivamente ele que ganhará o pleito para o governador de São Paulo, João Dória, que tem tido dificuldade para convencer os convencionais da sigla de que é o melhor nome para concorrer.
Reforma
A deputada federal Dayane Pimentel (PSL) foi ao Instagram e manifestou-se contrária à PEC da Reforma Administrativa (PEC 32), que tramita na Câmara dos Deputados. Ela ainda disse que “o alto clero dos salários sequer foi incluído (legislativo, judiciário e executivo) e estão querendo fazer o povo de besta em busca de mais e mais cargos comissionados? Comigo é não”, disse a parlamentar.
Obras
O governo federal possui atualmente 34 mil obras inacabadas. Os motivos vão de irregularidades a falta de aportes financeiros para concluí-las, e desvendar o motivo do abandono será uma das missões do Comitê de Avaliação das Obras Paralisadas do Brasil no Congresso Nacional, que será presidido pelo deputado Paulo Azi (DEM). “Essa comitê, que existe dentro da Comissão Mista do Orçamento, avaliava somente as obras com indícios de irregularidades, que eram avaliadas e vetadas para inclusão no orçamento. Então agora houve o entendimento de que obras inacabadas por outros motivos também deveriam integrar a ação de avaliação do comitê”, disse Paulo Azi, em conversa ontem.
Tiro de feijão
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a estimular que a população se arme e ironizou críticas que recebe por comparar as compras de feijão e fuzil. “Inclusive a esquerda fala que a gente não come arma, come feijão. Quando alguém invadir a tua casa, tu dá tiro de feijão nele”, disse Bolsonaro na última sexta-feira (1) a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. A declaração foi divulgada por uma página bolsonarista no Youtube.
Apoio presidencial
O ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do Democratas, ACM Neto, torce para que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, vença as prévias presidenciais do PSDB para viabilizar uma aliança de uma terceira via nas eleições de 2022. “Leite é um nome mais agregador, que permite uma construção política mais ampla”, disse o ex-chefe do executivo da capital baiana. “Leite não vai querer impor a candidatura a qualquer custo. Seja no sentido de apoiar ou de ser apoiado”, acrescentou Neto.
Ironia
O deputado estadual Alex Lima (PSB) ironizou a possível fusão do PSL e do DEM ontem, no Twitter. “Arena mudou de nome novamente? Parece que todas as vezes que apoiam governos autoritários eles mudam o nome pra ver se as pessoas esquecem”, postou o socialista.
O outro lado
Minoria na CPI da Pandemia, a ala governista da comissão monitora todas as declarações e insinuações sobre as acusações que deverão constar no parecer final do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), para rebatê-las no relatório paralelo que está sendo gestado a muitas mãos, tanto em gabinetes do Senado quanto no Palácio do Planalto. A ala bolsonarista da CPI pretende refutar principalmente a acusação de “crimes contra a humanidade” que Renan sublinhará no texto contra Bolsonaro. Os governistas também estão preocupados, mas veem nos outros dois crimes – o comum e o de responsabilidade – menos riscos de desgastes ou consequências.
Vergonha
O presidente Bolsonaro sancionou a lei que permite candidatura de políticos com contas irregulares, um cuspe na Lei da Ficha Limpa, como antecipamos, porque para esses casos havia pena de inelegibilidade.