Não é de hoje que no Brasil se faz tempestade em copo d`água por qualquer coisa, principalmente quando a polêmica envolve política. Na maioria das vezes, cria-se uma crise gigantesca em torno de um assunto que poderia ser tratado sem absurdos provincianos, como soe acontecer com o debate em torno do voto impresso.
Quando o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) lançou a proposta, uma legião de prosélitos da ignorância intelectual nacional arvorou-se em espalhar que Bolsonaro se voltara contra o moderno sistema eletrônico de voto, tido como infalível. Massificaram a ideia de que o presidente pregava o hediondo retorno do voto em cédula. Nada mais grotesco.
Nas páginas de O Globo, o jornalista Pablo Ortellado, no artigo “Debate sobre urna eletrônica está mal colocado”, pôs luz na questão escrevendo: “O voto impresso não é o voto em cédula e também não é um comprovante em papel de em quem você votou: é a impressão do voto eletrônico, depositado automaticamente e sem contato manual numa urna inviolável para que possa ser eventualmente cotejado com os votos da urna eletrônica”.
Escreveu ainda Pablo: “Como cada cidadão ou cidadã vê seu voto lançado na urna, ele ou ela é o fiscal desse depósito. Depois, ao final da votação, como forma complementar de conferência, pode-se contar o número de votos da urna física com o número de votos do boletim da urna eletrônica. Podem-se cotejar também os votos em candidatos no banco de dados da urna com os votos impressos”.
Eis o real sentido da proposta de Bolsonaro em favor da total segurança e lisura do processo eleitoral, seguindo o modelo de vários países que adotam a verificação extraeletrônica do voto.