Caminhar em uma reserva da Mata Atlântica dentro de Salvador pode ser uma experiência ímpar para soteropolitanos e turistas. Esta é a proposta do Jardim Botânico, situado em São Marcos, que visa ofertar aos cidadãos a experiência da contemplação e reconexão com a natureza. Administrado pela Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis), o local possui 160 mil metros quadrados de área.
Um passeio no Jardim Botânico pode trazer experiências como caminhar em uma trilha repleta de paus-brasil – um dos exemplares mais cobiçados pelos portugueses na época do Brasil Colonial. No local há diversos tipos de vegetal, mas o que possui presença mais marcante no parque é o oitis, que, com sua folhagem densa, torna o cenário ainda mais encantador.
No parque há um herbário – coleção científica de plantas secas – para estudo e pesquisa. O espaço abriga ainda uma intervenção do artista plástico Bel Borba intitulada Portão de Exú. A obra teve como propósito ressignificar uma caixa d’água antiga que havia no local e hoje é parada obrigatória para realizar fotos durante o passeio. Próximo à obra de arte está sendo feito o plantio de espécies de folhas sagradas, vegetais que possuem ligação com as religiões de matriz africana.
O casal Genebaldo Guedes e Rosemeire da Cruz, de São Marcos, visitou o Jardim Botânico pela primeira vez. Encantados pela beleza do local, programaram retornar para desbravar outras trilhas do parque. “Sempre passamos aqui na frente, mas nunca notamos que era um parque. As placas me chamaram atenção e resolvemos vir com calma conhecer o lugar. Gostei de conhecer tão de perto o pau-brasil, árvore que faz parte da nossa história”, contou Guedes.
Riquezas – A maior trilha do parque possui 795 metros de extensão e se conecta com diversas outras. Em uma delas o visitante pode se deparar com um pavilhão elevado de madeira, ambiente diferenciado para observação da natureza. A acústica privilegiada deste ponto permite ouvir o canto de diversas espécies de pássaros que residem na mata.
De acordo com o coordenador de Unidades de Conservação da Secis, Diego Cerqueira, o parque é uma grande conquista para a cidade e tem muito a ser explorado pelo público. “O Jardim Botânico estuda a relação do homem com as plantas. É um espaço para valorização das riquezas etnobotânicas. É um local para contemplar as espécies nativas da Mata Atlântica”, frisou.
A proposta, explicou o gestor, é que o Jardim Botânico impulsione a pesquisa e estudo etnobotânico em Salvador. A expectativa é que posteriormente, quando houver a segurança necessária em razão da Covid-19, possam ser recebidos grupos de comunidades e instituições de ensino para aprender sobre educação ambiental.
Estrutura – Com área total construída de 2,2 mil m², o prédio principal possui quatro pavimentos. No subsolo, são encontrados vestiários, copa, depósito, estufa, sala de ar condicionado e sanitários. No andar térreo está o auditório com capacidade para 47 pessoas, conectado com o foyer. Há ainda o espaço semicoberto para atividades diversas com arquibancada. O ambiente digital com expositivos voltados à educação ambiental, além de hall de exposições e sanitários, também fazem parte deste andar.
O primeiro pavimento tem área vegetal descoberta, de onde é possível avistar a copa das árvores, ou seja, a parte aérea da vegetação local. Também estão no primeiro andar o setor de programas e pesquisas, laboratórios, setor de coleções vivas, setor de acervo científico, salas administrativas, sala de curadoria, herbário, espaço de reuniões, copa/café e sanitários.
Por fim, a cobertura vegetal possui área calçada, que permite o acesso e vista para a área externa. O projeto de requalificação do Jardim Botânico foi elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF).
Foto: Otávio dos Santos/Secom