No mês em que se comemora o Dia do Capoeirista (3 de agosto), o Centro de Artes e Esportes Unificados de Valéria (CEU – Valéria) tem inscrições abertas para aulas de capoeira, que ocorrem na sala multiuso do equipamento, às segundas e quartas-feiras, nos turnos da manhã, das 9h às 10h, e à tarde, das 14h às 15h. Ao todo, estão disponíveis 80 vagas. Para se inscrever, é preciso ir ao local ou acessar o link disponível no perfil do CEU no Instagram (@ceudasartessalvador).
Desde o mês passado, as aulas estão ocorrendo presencialmente no CEU Valéria, mas os alunos devem seguir os protocolos de funcionamento, mantendo o distanciamento social e utilizando máscaras durante as atividades. Além disso, o equipamento possui um dispensador de álcool 70% na entrada de cada sala.
Além da capoeira, o local dispõe de atividades como ballet, dança, boxe, jiu-jitsu, aeroboxe, aerohit, basquete, vôlei e ginástica rítmica. As informações sobre horário das aulas e inscrição também podem ser obtidas presencialmente ou no perfil do equipamento no Instagram.
Transformação – Bem cultural registrado como Patrimônio Imaterial do Brasil, a capoeira é uma manifestação cultural herdada dos africanos e recriada no país. A arte-luta agrega as músicas, o toque de instrumento, o jogo, os golpes e as acrobacias (que fazem parte da capoeira regional e contemporânea). Para muitos, a capoeira e seus movimentos fascinantes funcionam como um instrumento de transformação.
“Para mim, foi uma porta de entrada para me tornar uma pessoa melhor. A capoeira é responsável hoje pela educação que eu tenho. Já me levou a lugares bons, eu já participei de campeonatos e fui campeão infantil na Bahia em 2008. Graças ao esporte, eu já tive a oportunidade de viajar, e se hoje tenho um emprego melhor também é por esse motivo. Então, é algo que mudou por completo a minha vida”, conta Gabriel Silva, de 23 anos, um dos alunos do CEU.
Com 12 anos de capoeira e há dois treinando no CEU Valéria, Silva sonha em futuramente se formar mestre, ter um grupo e conduzir outras pessoas para o caminho do esporte, assim como um dia outra pessoa o conduziu. Ver a arte introduzida nos jogos olímpicos é mais um sonho do jovem morador do bairro.
Na concepção do professor Ronald Aguiar, de 21 anos e há 16 deles no esporte, a capoeira é um importante meio para educar. “Me fez ser quem eu sou hoje, sem ela eu não estaria aqui, tendo vários alunos e ajudando a somar na vida de cada um. A capoeira me permite passar conhecimento e, ao mesmo tempo, aprender. Dar aula em comunidade é transformador. Eu tenho alunos aqui, por exemplo, que começaram comigo com dois, quatro anos, hoje estão crescendo dentro da capoeira e daqui a uns dias poderão se tornar um professor. É algo que não tem preço”, conta.
Além da educação e da transformação de vida, a arte possibilita um bom condicionamento físico para quem a pratica, pois trabalha aspectos como o condicionamento físico e o alongamento, proporcionando bem-estar e qualidade de vida. Ao ressaltar o aspecto do cuidado à saúde, o coordenador do CEU Valéria, Délio Lima, aposta na prática da capoeira como redutora de danos.
“Ela traz para a criança e o adolescente que vivenciam a violência nas comunidades uma nova perspectiva de vida. É uma atividade que navega ao mesmo tempo na cultura e no esporte. O menino que começa a praticar se encanta e adota a manifestação cultural como identidade, levando essa mensagem, inclusive, para a família e para a localidade onde vive”, opina.
Incentivo – O incentivo à prática do esporte é uma das missões da Prefeitura, por meio da construção de equipamentos esportivos e da contratação de professores que possam levar o aprendizado para crianças e adolescentes na capital, dentre outras ações.
Aliado à prática esportiva, a Prefeitura também promoveu a publicação do Catálogo da Capoeira, uma ferramenta colaborativa de registro e mapeamento dos grupos e núcleos da arte-luta em Salvador, disponível no endereço eletrônico www. catalogodacapoeira. com. br . A plataforma busca auxiliar gestores, pesquisadores e demais interessados no tema a obter informações e indicadores sobre a prática do esporte na capital baiana.
Contemplado pelo Prêmio Jaime Sodré de Patrimônio Cultural, da Fundação Gregório de Mattos (FGM), a ferramenta possui apoio por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc. Até o momento, o Catálogo da Capoeira já registrou a existência de 186 núcleos, 129 grupos, 150 mestres e de 7.983 capoeiristas na capital baiana.
Foto: Otávio dos Santos/Secom