Sei que são tempos difíceis. Dias de desunião. Mas antes de continuarmos sendo levados nesta onda de ódio que assola a nossa nação, vamos tentar parar e fazer algumas reflexões.
Vivemos hoje em um país tomado por jogos de interesses individuais e coletivos muito aquém do nosso alcance de assimilação. As instituições estão confusas. A política está sendo ditada por intervenções jurídicas, sob o pretexto de contenção da corrupção. E o Judiciário, por sua vez, é acusado de estar sofrendo um processo de ‘politização’. O dedo de um está na cara do outro. E o Executivo fica no meio do fogo cruzado, impotente. Os poderes, as instituições estão em uma iminente rota de colisão. Seja com ‘u’ maiúsculo ou minúsculo, não há união entre eles.
E quando os próprios poderes não são capazes de se entender, o que acontece com o povo? É fácil responder tal pergunta assistindo a repercussão dos acontecimentos dos últimos dois anos . Se os organizados, os cabeças não se entendem, imaginem os seguidores!
A grande verdade é que acabamos desistindo, sim, do Brasil. A cada dia. Não sei se você, caro leitor, se deu conta, mas já não somos mais apenas brasileiros. Diante da atual conjuntura, viramos Lulistas, Moristas, Gilmar-Mendistas, Bolsonaristas,Ciristas e Doristas .
Pior: dividimos um país cuja soberania tinha como maior beleza a mistura de raças e a riqueza de culturas, credos e cores. Rachamos uma nação, e a atiramos nas profundezas do fanatismo.
O país não está em crise. Muito pelo contrário, o Brasil continua ‘gigante, belo, forte, impávido colosso’. O povo e seus líderes é que se perderam em meio a um show de escândalos. O Brasil continua esperando para ser guiado por todos nós rumo a um futuro de, sobretudo, ‘Ordem e Progresso’. Até os dizeres da nossa bandeira passaram a não valer mais nada.
As eternas lutas contra as mazelas sociais, as desigualdades, a exclusão das minorias vão estar ali, esperando até nós recobrarmos a consciência coletiva para voltarmos a lidar com elas.
Antes de entrarmos em um caminho separatista para o povo brasileiro, um caminho sem volta, ao menos deveríamos tentar acreditar na possibilidade que a paz social é um bem maior ao nosso alcance. Qual é o Brasil do amanhã? Cabe à sua consciência tentar responder isso.