Em três meses de vacinação contra a Covid-19, Salvador ultrapassou neste sábado (24) a marca de 500 mil pessoas imunizadas. A cidade tem sido destaque no país na aplicação das doses, graças à megaestrutura montada pela Prefeitura para alcançar os públicos prioritários definidos neste momento inicial da estratégia, disponibilizando mais de 1,5 mil profissionais de saúde em mais de 30 pontos entre fixos e drive-thrus, além do serviço em domicílio Vacina Express.
Conforme os indicadores de imunização do Vacinômetro, ferramenta digital que contabiliza em tempo real o número de pessoas vacinadas em Salvador, até 11h30 deste sábado, a Prefeitura já havia aplicado a primeira dose em 500.242 pessoas – desse total, 77% são idosos, 64% são do sexo feminino e 57% são pretos ou pardos. Com relação à segunda dose, mais de 196 mil concluíram o esquema vacinal contra o coronavírus.
A mobilização, iniciada na capital baiana em 19 de janeiro, tem tido um papel fundamental para controlar o contágio do coronavírus, evitando mortes e aliviando a pressão sobre o sistema de saúde.
Um dos públicos prioritários que começaram a ser imunizados esta semana são as pessoas com síndrome de Down. Mãe da jovem Tainá Santos, 26 anos, portadora da doença genética, Edelzuita Correia Santos, 70 anos, acompanhou a vacinação da filha, que ocorreu na sede da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), na Pituba. O local foi um dos 12 pontos fixos destinados para o processo.
“O sentimento é de otimismo e de que, em breve, tudo voltará a ser como antes. Confesso que não esperava que a vacina aconteceria por agora, já que a procura tem sido grande não só aqui como no mundo todo. Quando me ligaram ontem à noite avisando que chegou a vez de vacinar a Tainá, comemorei”, disse Edelzuita.
A doméstica Maria Conceição de Jesus, 56 anos, saiu do bairro do IAPI com a filha Ana Paula, 33 anos, também para vaciná-la na Apae. “Nosso sentimento é de muita alegria e felicidade por saber que a cidade tem conseguindo avançar nessa campanha de imunização. Sabemos que pessoa que tem síndrome de Down tem imunidade muito baixa e isso me preocupava. Agora que ela tomou a primeira dose, me sinto muito mais aliviada. Em breve, voltaremos para a aplicação de reforço. A estimativa é que a vacinação chegue para todos e que essa pandemia passe logo”, destacou Maria.
Grupos alcançados – Dentre os públicos já contemplados com a vacinação contra a Covid-19 em Salvador estão: idosos com 60 anos incompletos ou mais; pessoas com deficiência residentes em Instituições de Longa Permanência; trabalhadores da saúde que atuam em locais ativos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES); trabalhadores da saúde autônomos (médicos, fisioterapeutas, dentistas, enfermeiros, farmacêuticos, auxiliar e técnico de enfermagem, auxiliar e técnico de saúde bucal, doulas, nutricionistas e psicólogos).
Também integram a lista quilombolas; profissionais de serviços funerários; policiais federais, militares civis e rodoviários federais; bombeiros; guardas municipais; agentes de salvamento e trânsito; e agentes penitenciários – em pleno exercício das atividades, lotados em Salvador e com idade igual ou superior a 49 anos; pessoas com comorbidades (renais crônicos e pessoas com Síndrome de Down); além de trabalhadores da educação (profissionais da Educação Básica das instituições privadas e da educação básica de ensino da rede pública municipal e estadual, entre 55 e 59 anos).
A subcoordenadora de Doenças Imunopeveníveis, Doiane Lemos, destacou que, se a quantidade de doses recebidas fosse maior, Salvador já teria conseguido imunizar muito mais pessoas, diante da estrutura disponível. “Porém, diante do que recebemos, desde 19 de janeiro, estamos procedendo à vacinação dos grupos prioritários. Já avançamos na primeira fase, conforme o plano nacional. Dessa forma, com o número de 500 mil pessoas vacinadas, a gente demonstra o quanto o município está empenhado para questão da vacinação. Através de reuniões estratégicas com os técnicos, a gestão tem avançado de forma alinhada,” afirmou.
Dose de esperança – A professora da Educação Básica, Margarida Maria Silva Rocha, de 57 anos, teve a primeira dose da vacina aplicada na última quarta-feira (21) e comemorou a ação. “Estava assustada com a possibilidade de contaminação. Quando chegou a notícia que os professores poderiam receber a vacina, para mim, foi como um sopro de esperança. Considero esse o primeiro passo para a retomada da educação,” disse.
A técnica de enfermagem Edvalda Gomes destacou a celeridade da imunização contra a Covid-19 em Salvador. “Mais uma vez, mostramos que entendemos sobre o assunto de imunização. Agora, vacinada, trabalho com mais confiança e estou ainda mais certa sobre a missão de salvar vidas”.
A fisioterapeuta Jamile do Carmo, que trabalha de forma autônoma, destacou a segurança do exercício da função após a imunização. “Lido diretamente com reabilitação de idosos. Apesar de saber a importância do meu trabalho para a saúde e o bem estar deles, antes de tomar a vacina sentia muito receio de contaminá-los. Sei que os cuidados ainda são necessários, mas o fato de estar imunizada me dá uma sensação de maior tranquilidade”, afirmou.
O aposentado Reginaldo Barreto, de 68 anos, ressaltou a importância da vacinação para a sociedade vencer a batalha contra o coronavírus. “A vacina é a única saída. Só com a imunização vamos conseguir vencer à Covid-19. Ainda não tomei a segunda dose, mas já me sinto mais seguro e confiante que vamos sair dessa. Esse é um capítulo da história da humanidade que estará nos livros como guerra vencida pela saúde pública”, disse.
O guarda civil municipal Cláudio Mendes, de 53 anos, destacou a sensação de segurança de trabalhar no enfrentamento ao vírus, estando imunizado. “Desde o início da pandemia não paramos por um só dia. Estávamos nas ruas constantemente, contendo aglomerações, ordenando filas, fiscalizando praias. A oportunidade de receber a vacina nos trouxe maior segurança para o cumprimento do nosso dever”, avaliou.
Foto: Jefferson Peixoto/Secom