Durante a pandemia da Covid-19, registros apontam um crescimento no número de feminicídios no Brasil. Na Bahia, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, houve um aumento de 20,8% no primeiro semestre de 2020, comparado ao mesmo período do ano anterior, chegando a 649 casos. A Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ) alerta que é importante denunciar, ao menor sinal de violência, para impedir um possível feminicídio.
A Prefeitura, através da SPMJ, disponibiliza serviços públicos gratuitos e especializados em denúncias e acolhimento de mulheres em Salvador. Um deles é o Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce (Camsid), que funciona 24h, na Rua Lélis Piedade, 63 – Ribeira.
Já o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência Loreta Valadares (CRAMLV), oferece teleatendimento pelo telefone (71) 99701-4675. Mulheres que se sintam ameaçadas também podem procurar o Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher Arlette Magalhães (Cream), através do telefone (71) 98791-7817.
A titular da SPMJ, Fernanda Lordelo, afirma que é preciso denunciar, seja nas delegacias especializadas ou centros de atendimento da rede de apoio social à mulher. “Não existe empoderamento feminino se a mulher não conhece os seus direitos, a sua rede de apoio, onde deve buscar ajuda. Por isso, estamos fortalecendo as parcerias com instituições e empresas parceiras para fomentar o atendimento e capacitação profissional de mulheres”.
Reclusão forçada – Ainda conforme a SPMJ, a pandemia ocasionada pelo novo coronavírus está provocando uma reclusão forçada de mulheres, que muitas vezes vivem dentro de um relacionamento abusivo e doentio. Dados do anuário apontam que houve um aumento de subnotificação dos casos, tendo em vista a maior dificuldade de registros por parte das mulheres em situação de violência doméstica durante a vigência das medidas de distanciamento social.
Os números mostram um crescimento de 3,8% dos acionamentos no Brasil feitos às polícias militares em casos de violência doméstica, registrados no primeiro semestre de 2020, ou seja 147,4 mil chamados. No entanto, apesar disso, houve uma redução de 9,9% dos registros feitos em delegacias.
A psicóloga e coordenadora dos Centros de Referência a Casas de Acolhimento, Maria Auxiliadora Alves, destaca que a rede de proteção permite que a mulher agredida possa receber ajuda. “É possível romper esse ciclo de violência. No entanto, fica mais difícil quando estamos ou nos sentimos sozinhas. É importante que procure nossos serviços, que disponibilizam uma equipe multiprofissional qualificada (psicólogas, assistentes sociais e advogadas) para acolher,” afirma.
Foto: Bruno Concha/Secom