Vinte mil toneladas de alimentos em 163 mil cestas básicas por mês, distribuídas aos alunos da rede municipal de ensino. Após 12 meses do início da pandemia do novo coronavírus em Salvador, este é o saldo registrado pela Prefeitura que, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Smed), promoveu a distribuição dos itens como forma de minimizar as complicações que atingiram as famílias dos estudantes – que representam 25% do total das famílias soteropolitanas – devido à suspensão das aulas presenciais e à perda do acesso às refeições oferecidas pelas unidades escolares.
Para a técnica de enfermagem Sandra Santos, de 41 anos, os recursos alimentares são essenciais para amenizar seu desemprego e a falta das aulas presenciais para os quatro filhos, três de dez e um de 12 anos. “Formei meses antes da pandemia começar, não consegui um trabalho na área e atuava como autônoma. Essa iniciativa está sendo muito importante, pois de outra forma não teria como segurar as pontas em casa”, relatou.
Para piorar a situação, nesse meio tempo, Sandra ainda teve chikungunya. “Isso acarretou esgotamento físico, me impossibilitando também de exercer certas atividades, precisando de tratamento até hoje, sem outra renda para compor as necessidades da casa”, revelou.
As cestas são compostas por produtos essenciais à alimentação das famílias por um mês, com gêneros selecionados por especialistas da própria rede municipal, de modo a garantir o melhor resultado nutricional para os atendidos. Cada cesta contém 12 itens: feijão, arroz, açúcar, biscoito, café, sal, farinha de mandioca, farinha de milho, leite em pó, macarrão, óleo e proteína de soja.
Nos itens escolhidos há o leite em pó, que auxilia no suprimento de cálcio; soja e feijão como fontes proteicas; o óleo, fonte de lipídeo; os farináceos, como fontes de carboidrato; além da inclusão de alimentos básicos, como arroz, macarrão e café, que fazem parte da cultura alimentar brasileira. No que se refere ao custo do fornecimento da cesta básica, o município financiou mais de 90% dos itens distribuídos.
Elaboração – De acordo com a nutricionista da rede municipal, Emília Coelho, a composição da cesta foi elaborada pensando nos itens básicos para a produção de uma refeição. Também foi levada em consideração a logística, que fosse viável para a realidade do município de Salvador, que atende mais de 160 mil alunos.
“Os itens atendem os requisitos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que preconiza uma alimentação saudável e adequada, compreendendo o uso de alimentos variados e seguros, que respeitem a cultura, as tradições e os hábitos alimentares saudáveis. Tudo isso contribui para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a melhoria do rendimento escolar, em conformidade com a sua faixa etária e seu estado de saúde, inclusive dos que necessitam de atenção específica”, explica Emília.
Logística – O fator importante foi programar a distribuição das cestas nas unidades escolares, unindo o trabalho pedagógico com a segurança alimentar e nutricional. A ação desenvolvida pela Smed foi de extrema importância, em um momento delicado em que a segurança alimentar e nutricional está em primeiro plano. A realidade é que não apenas alunos, mas várias famílias tiveram garantidos os alimentos devido à entrega das cestas básicas. Mesmo no período de férias escolares, não houve interrupção de entregas para os estudantes da rede municipal.
O município de Salvador oferta cestas básicas desde o dia 23 de março de 2020, mesmo antes de o FNDE autorizar a distribuição dos gêneros alimentícios aos alunos. A capital baiana é um dos poucos municípios, que desde o início, o atendimento é feito para todos os estudantes e não apenas para o público mais vulnerável.
“Somos responsáveis pela maior redistribuição de alimentos em grande escala da história da Bahia. Em um ano de trabalho foram entregues 20 mil toneladas, sendo 163 mil cestas por mês, doadas a mais de 800 mil famílias, o que significa que cerca de 25% das famílias soteropolitanas foram agraciadas com os produtos necessários para a alimentação”, ressaltou o secretário municipal da Educação, Marcelo Oliveira.
O gestor ainda ressalta o enorme impacto da distribuição das cestas no dia a dia das famílias. “São pessoas humildes, de baixa renda, que ficaram sem a alimentação escolar após a suspensão das aulas presenciais. Vale destacar que a distribuição se dá por aluno e não por família. Isso significa que, em uma casa onde três ou mais pessoas estudem na rede municipal, cada um terá direito a uma unidade de cesta básica, o que auxilia bastante na complementação nutricional daquela família”, complementou o secretário.
Foto: Bruno Concha/Secom