Para fazer com que Salvador esteja mais preparada para encarar os impactos causados pelas chuvas, a Prefeitura vai intensificar as medidas preventivas e emergenciais com intuito de eliminar e minimizar os efeitos causados pelas precipitações na cidade, cujo maior volume historicamente ocorre de março a junho. Nesta segunda-feira (15), o prefeito Bruno Reis assinou o decreto que institui a Operação Chuva 2021, em solenidade simbólica na sede da Defesa Civil de Salvador (Codesal), na Avenida Bonocô.
Também estiveram presentes o diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macêdo, e demais gestores dos órgãos municipais ligados ao Sistema Municipal de Defesa Civil (SMDC). Bruno Reis explicou que as iniciativas previstas na operação são contínuas, mas, nesses quatro meses, a Prefeitura reforçará as atenções sobretudo nas áreas de risco. O investimento total este ano é da ordem de R$48,4 milhões.
Na prática, a Operação Chuva é dividida em duas etapas, sendo uma delas preparatória – que ocorre durante todo o ano e corresponde à intensificação das ações preventivas. A outra etapa é de alerta, realizada nos meses de abril a junho com medidas de monitoramento e resposta às situações de risco ou desastre.
“Aqui em Salvador estabelecemos como prioridade, desde a nossa chegada a gestão, a contenção de áreas de risco. Enfrentar fenômenos meteorológicos não é fácil. A cidade está muito mais preparada para as chuvas que nos anos anteriores, mas ninguém está imune a muita chuva em pouco tempo, isso em qualquer lugar do mundo, por mais desenvolvido que seja”, destacou o prefeito.
Ele explicou que as ações preparatórias envolvem uma série de medidas, sendo uma delas obras de contenção de encostas. Há oito intervenções deste tipo em andamento e três a iniciar que, quando forem concluídas, beneficiarão centenas de famílias que residem próximo aos taludes. Nos últimos anos, a capital baiana ganhou 102 contenções definitivas de cortina atirantada ou solo grampeado.
Há também outra iniciativa em curso para evitar deslizamentos de terra: a aplicação de geomantas. A cidade já conta com 205 proteções desse tipo, sendo que outras quatro estão em execução.
“São quase R$160 milhões investidos em 322 localidades que agora estão protegidas. Ou seja, com base no último censo do IBGE, que aponta 1.040 áreas de risco em Salvador, a Prefeitura resolveu um terço do problema. Isso tudo tem trazido segurança maior às famílias e fez com que reduzíssemos o número de desastres”, salientou o prefeito.
Demais ações –Como parte da etapa de Alerta da Operação Chuva 2021, a Codesal já está cadastrando gratuitamente qualquer cidadão que deseja receber informações e avisos meteorológicos. Para isso, basta enviar SMS para o número 40199, informando apenas o CEP.
Em parceria com o Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec), a administração municipal instalará, ainda neste ano, 15 Plataformas de Coleta de Dados Geotécnicos (PCD Geotécnica), compostas por pluviômetros e sensor de umidade. Com isso, será possível ter maior precisão na emissão de alertas de risco de deslizamentos e antecipação das ações de prevenção dos impactos socioambientais.
Além disso, 3 mil árvores serão plantadas para ajudar na contenção e paisagismo de 40 áreas. Também está prevista a realização de 24 simulados de evacuação, com acionamento do Sistema de Alerta e Alarme. Conforme o cronograma estabelecido, essas ações ocorrerão das comunidades Moscou (27/3), Baixa do Cacau (10/4), Bosque Real/Calabetão (17/4), Vila Picasso/Voluntários da Pátria (8/5) e Bom Juá/Mamede (15/5).
Além da Codesal, os órgãos municipais envolvidos na Operação Chuva 2021 são a Companhia do Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal), Guarda Civil Municipal (GCM), Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), e secretarias Geral de Articulação Comunitária e Prefeituras-Bairro, Desenvolvimento Urbano (Sedur), Manutenção da Cidade (Seman), além de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre).
Mapeamento – Na ocasião, Bruno Reis esclareceu que há 138 áreas da cidade mapeadas com identificação dos riscos de deslizamento e/ou alagamento, que na prática são locais que carecem de obras de urbanização de canais e contenções. “Nossas equipes estão em campo elaborando projeto e orçamento para que possamos seguir investimento na proteção das áreas de risco. A prioridade é proteger encostas e conter alagamentos formados dentro das casas das pessoas que vivem perto de córregos e canais”, explicou.
Previsão – De acordo com dados divulgados pela Codesal, a previsão climática para o trimestre abril/maio/junho de 2021 em Salvador aponta que a tendência é que a ocorrência de chuvas seja abaixo da normal climatológica para o período, que é de 821,1mm. Diferente de 2020, que superou as projeções.
O índice pluviométrico de abril naquele ano foi de 545,5 mm, frente aos 295,7 que eram esperados. A alta também foi registrada em maio, quando o total acumulado foi de 454,2 mm em comparação aos 279,8 mm que estavam previstos. Em junho, as precipitações somaram índice de 270 mm, ante aos 245,6 mm que eram aguardados pelos meteorologistas.
Ações contínuas – De janeiro a fevereiro deste ano, cerca de 42.434 m² de lona plástica foram utilizadas para proteger 209 áreas de risco. As equipes técnicas também realizaram nas encostas serviços de capinação, roçagem, retirada de entulho, remoção de terra, lixo e limpeza de valetas. A manutenção da rede de micro e macrodrenagem também integra o escopo de ações contínuas.
De 2020 para cá, 15 canais – o que corresponde a cerca de 2.250 metros – já passaram por serviço de dragagem e 5.935 caixas coletoras foram alvos de limpeza. Foram feitas, ainda, a desobstrução de 127.084 metros de galerias de drenagem, recuperação de 2.128 metros de escadarias drenantes e poda e supressão de 14 mil árvores.
O monitoramento de risco climático, realizado pelo Cemaden, está entre as inovações tecnológicas que vêm sendo empregadas nas políticas de redução de desastres. Há 11 sirenes em dez áreas de risco, além de duas estações meteorológicas instaladas no Parque da Cidade e Monte Serrat, quatro estações hidrológicas no Retiro (Rio Camarajipe), Caminho das Árvores (Rio Camarajipe), Boca do Rio (Rio das Pedras/ Pituaçu) e Piatã (Rio Jaguaribe).
Núcleos e protocolos – Outra estratégia é a capacitação de famílias que residem em áreas de risco para que elas saibam lidar de forma preventiva eventuais perigos decorrentes de fatores climatológicos. Já foram formados 57 Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdecs), capacitando 2.367 moradores. Também foi feita a formação de cinco Nupdecs Mirins com a capacitação de 73 crianças e realização do Projeto Defesa Civil nas Escolas em 72 unidades da rede municipal, abrangendo 8.862 alunos – isso, claro, antes da pandemia da Covid-19.
A Defesa Civil mantém plantão 24 horas e atende as demandas da população pelo telefone gratuito 199. Além de reforçar suas atividades para o enfrentamento das intempéries climáticas, o órgão adotou novos protocolos de gerenciamento de situações de risco diante da crise sanitária provocada pelo coronavírus, como a proteção adequada dos funcionários para desempenhar suas funções em campo e mitigar o risco de contágio da doença.
Foto: Betto Jr/Secom