Medos, dúvidas, traumas: a Covid-19 é cercada de questionamentos. Nem mesmo quem já teve o vírus está ileso. Salvador já registra caso de reinfecção por variantes do coronavírus, o que reforça em todos os cidadãos a necessidade de cuidados mesmo após a recuperação. A infectologista da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Adielma Nizarala, explicou que, apesar de existir, não é calculável e fixo o período que os anticorpos agem no organismo de quem já contraiu o vírus.
“É impossível mensurar diariamente a quantidade de anticorpos que possuem as pessoas que já foram infectadas. Além disso, a imunidade não se dá só por esses anticorpos que podemos medir, o IGG e o IGM – ela também acontece pela imunidade celular, que não se mensura rotineiramente”, explicou.
A médica infectologista explica que devem-se considerar imunizados apenas os pacientes que tomaram a segunda dose da vacina há, pelo menos, 15 dias. “Quem já contraiu o vírus e quem recebeu a primeira dose da vacina não está imune. Com a primeira dose, existe uma estimulação do sistema imunológico. Então, é possível que o paciente já tenha anticorpos, mas a gente não considera essa pessoa capaz de responder, com 100% de segurança, o objetivo da imunização”, disse Adielma.
A especialista ressalta que a finalidade da vacinação não é apenas inibir a possibilidade da infecção, mas é dar a certeza que o paciente não irá apresentar quadros graves da doença. Adielma considera, como forma eficaz de garantir a não reinfecção, a adoção de medidas de proteção. “Só é contaminado quem quebra a barreira de proteção em algum momento. Geralmente não tomou medidas adequadas ou esqueceu, de alguma forma coçou o olho, botou a mão no nariz e acabou se contaminando”, disse.
Alerta – A enfermeira Alessandra Paula Pereira testou positivo em dezembro do ano passado e, mesmo já vacinada, segue com os cuidados para evitar contrair o vírus pela segunda vez. “Tive coronavírus, já tomei a segunda dose da vacina, mas ainda assim tomo todas as precauções possíveis. Faço uso da máscara e do álcool 70º, não aglomero, troco a roupa antes de entrar em casa e lavo o cabelo diariamente”, afirmou.
Ela ainda complementou que o combate à Covid- 19 é uma luta de todos. “Trabalho diretamente no enfrentamento do vírus e sei a gravidade da doença. Vidas são ceifadas diariamente sob os meus olhos, famílias são destroçadas pela doença, e é impossível não ser sensibilizado com tanta dor. Conter a disseminação do vírus é uma responsabilidade de todos nós”, finalizou.
Foto: Bruno Concha/Secom