Um ciclo de quase 170 anos se encerra, aproximadamente, às 19h30 deste sábado (13), com a última viagem do Trem do Subúrbio, dando o primeiro passo para um futuro de conforto e desenvolvimento para os moradores da região. O atual sistema de trens de Salvador, que interliga o Subúrbio Ferroviário pela orla da Baía de Todos os Santos, em 10 estações, da Calçada a Paripe, deixa de operar para dar lugar à implementação do Veículo Leve de Transporte (VLT), beneficiando cerca de 600 mil soteropolitanos. Além disso, mais de 170 mil usuários vão poder se deslocar diariamente entre os 26 quilômetros de percurso que vão ligar o Comércio até a Ilha de São João, no município de Simões Filho.
O VLT de tipo monotrilho, movido à propulsão elétrica, será moderno, seguro e rápido. O equipamento representa um grande investimento do Governo do Estado da Bahia em relação à mobilidade urbana. Com o VLT, o Subúrbio de Salvador ganhará referências na geração de empregos e oportunidade de novos negócios. Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Nelson Pelegrino, “uma viagem que hoje demora em torno de duas horas vai ser feita em apenas 50 minutos. Hoje, a espera média é de uma hora ou mais, a espera média vai ser quatro minutos entre um trem e outro. Nós vamos ter 28 trens funcionando, servindo à população do Subúrbio, com ar condicionado e wifi”.
A Fase 1 das obras do VLT compreendem 19,2 quilômetros, com 21 estações e vai ligar o bairro do Comércio, na cidade baixa da capital, até a Ilha de São João, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. Na fase 2, que liga a região de São Joaquim até o Acesso Norte (integração com o metrô) estão previstas mais 5 estações.
Ampliação e alternativas durante as obras
Pelegrino informa que o trajeto vai aumentar em 11 quilômetros, passando a ter quase 24 quilômetros, e ganhará mais 15 estações, chegando a 25 pontos de embarque e desembarque. “Esta é a contribuição do Governo da Bahia para melhorar a mobilidade urbana do Subúrbio. Quando o novo modal estiver em operação, serão transportadas 172 mil pessoas diariamente, de forma rápida e segura. Com uma única tarifa, o usuário vai poder pegar o trem do Subúrbio, vai poder pegar o metrô e vai poder pegar também um ônibus”.
O secretário afirma ainda que os moradores do Subúrbio não vão ficar desassistidos de transporte durante as obras do VLT, mesmo com o trem fora de operação. “Chegamos à conclusão, em parceria com a Prefeitura, de que o sistema de transporte coletivo que serve hoje à região do Subúrbio tem condições de absorver esse público que pega o trem no dia a dia. Nas estações, haverá orientações de qual é o ponto de ônibus mais próximo, inclusive com o traçado que a pessoa deve percorrer até chegar àquele ponto de ônibus próximo, e de quais são as linhas que existem. Quem mora na região saberá exatamente qual ônibus precisa pegar para chegar ao destino final”.
Vetor de desenvolvimento
Pelegrino destacou que o novo modal será um vetor de desenvolvimento econômico. “Muitas pessoas não conseguem emprego porque moram no Subúrbio e levam duas horas para sair de sua casa e chegar até o seu destino final. Esse percurso vai ser feito em 50 minutos, apenas. Então, as pessoas vão poder se programar e ter a certeza de que vão chegar, porque não vai ter engarrafamento. Não vai ter nenhum tipo de obstáculo no caminho. O usuário vai pegar o trem no Subúrbio e vai chegar rapidamente à estação Acesso Norte, e da Estação Acesso Norte, vai se deslocar pelo metrô e pelo sistema de ônibus para todas as regiões da cidade de forma rápida, segura, e de forma integrada”.
A obra, também de acordo o secretário Nelson Pelegrino, está recebendo investimentos da ordem de R$ 2,5 bilhões e vai gerar, diretamente, 2.200 empregos, além dos empregos indiretos. “E quando estiver em operação, vai consumir mais de 700 pessoas empregadas. Então, nós estamos gerando empregos no Subúrbio, estamos gerando atividade econômica, e essa é também a nossa contribuição para melhorar o problema social e aumentar a empregabilidade na região do Subúrbio Ferroviário.
O Trem do Subúrbio faz parte da história do motorista Charles Marinho, 42 anos, que foi passear na primeira viagem do veículo neste último dia de operação. “Vim apenas para me despedir e agora que ele começou a se movimentar dá um friozinho na barriga. Eu fui menino aqui e meus pais conseguiram, na época, um apartamento em Periperi. A gente pegava o trem aqui na Estação da Calçada, saltava em Periperi, na Estação de Periperi, e subia de kombi, então a gente andou muito nesse trem aqui. Vamos aguardar aí agora como vai ser o VLT,e espero também estar inaugurando o equipamento. Com certeza, vai melhorar muito, principalmente, para a população aqui do Subúrbio”.
O marinheiro Damião da Conceição, 50 anos, passou toda a vida na região do Subúrbio e fala sobre a expectativa da chegada do VLT. “Certamente, a chegada do VLT vai ser importante, porque a gente não vai mais pegar aquele engarrafamento”.
História
A ferrovia que hoje liga o bairro da Calçada a Paripe, começou a ser criada em 1853, quando Joaquim Francisco Alves Muniz Barreto recebeu do Governo Imperial a concessão para a construção de uma estrada de ferro ligando Salvador à cidade de Juazeiro. Foi a primeira da Bahia e a quinta do Brasil.
Em 2005, a gestão do trecho ferroviário entre as estações da Calçada e Paripe era de responsabilidade da Prefeitura de Salvador, porém, em maio de 2013, o sistema foi transferido para o Estado, juntamente com as obras do metrô, passando a ser administrado pela Companhia de Transportes do Estado da Bahia (CTB). A região do Subúrbio, marcada pelo patrimônio dos marisqueiros e pescadores, após a conclusão das obras do VLT, ganhará também um museu ferroviário e um centro comercial de serviços na região.
Repórter: Raul Rodrigues