Com a proximidade do período chuvoso, a Prefeitura, através da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), tem realizado ações prévias de combate à leptospirose em diversos pontos de Salvador. Somente no mês de janeiro deste ano, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) realizou mais de 60 operações especiais em praças, avenidas, vales, canais, córregos, ruas e praias. As atividades são promovidas através do Programa de Controle da Leptospirose (PCL), que tem como finalidade reduzir a população de ratos na capital baiana.
Em média, são registrados de 100 a 150 casos por ano na cidade e a maioria deles ocorre durante as estações mais frias – período com maior índice de chuva. “A leptospirose é uma doença provocada por uma bactéria, presente no trato urinário de alguns roedores, que passam a eliminá-la diariamente da urina e que sobrevivem, por um grande período viável e infectante, em terrenos úmidos ou em água como córregos e esgotos”, explica a coordenadora do CCZ, Isolina Miguez.
Com o objetivo de evitar contaminações, são executadas ações de controle com inspeção nos locais onde são notificados casos suspeitos, através do acesso diário ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). As equipes técnicas orientam a população sobre as medidas de antiratização, alterações ambientais, físicas e comportamentais que evitam a instalação e proliferação de roedores e, quando necessário, a aplicação de raticida químico.
Dentre as localidades-alvo das operações especiais estão Amaralina, Barra, Rio Vermelho, Ondina, Itapuã, Boca do Rio, Costa Azul, Piatã, Patamares, Boca do Rio, Itapuã, Boa Viagem, Stella Maris, Ribeira, Praia do Flamengo, Pedra Furada, São Tomé, Roma, Calçada, Paripe, Boa Viagem, Itacaranha, Vale dos Lagos, Vasco da Gama, Canal do Joanes, Tubarão, Lagoa dos Frades, Colina de Pituaçu, San Martin, Lapinha, Largo do Retiro, Vale da Muriçoca, Tancredo Neves e Vista Alegre.
“Avaliamos os fatores determinantes que estão gerando a proliferação de roedores, procedemos com as orientações técnicas pertinentes e acionamos a intervenção de diversos órgãos nas esferas estaduais e municipais como a Limpurb, agindo em caráter urgente e eficaz”, completa Isolina.
Papel do cidadão – A coordenadora do CCZ destaca ainda que a responsabilidade do controle da praga, seja em imóveis ou terrenos, é do cidadão, como institui o Código Municipal de Vigilância em Saúde do município (Lei 9.525/2020). De acordo com a legislação, cabe aos proprietários ou responsáveis pelo imóvel mantê-lo limpo e livre de vetores, objetivando o bem-estar individual e coletivo.
Ela alerta ainda que a presença de vegetação, canalização de esgotos com deficiência na estrutura, presença de lixo e materiais inservíveis são os atrativos dos roedores. Isso porque, ao encontrarem condições de água, abrigo, acesso e alimento, os ratos se mantêm no local e podem transmitir a bactéria pela excreção da urina, que, ao ser lançada ao solo, se torna uma fonte de contaminação para as pessoas.
Doença – Causada pela bactéria do gênero leptospira, a leptospirose é uma doença infecciosa aguda que acomete humanos e animais. O principal reservatório da doença são os roedores, que abrigam a bactéria nos rins, eliminando-as no meio ambiente através da urina. Uma das principais formas de infecção é pelo contato com água e lama contaminada. A penetração da bactéria ocorre pela pele lesada, mucosas da boca, narinas e olhos, ou quando fica imersa na água contaminada por muito tempo.
Ao perceber sintomas como febre, dor muscular na panturrilha, pigmentação amarela ou verde da pele, vômitos, diarreia, dor de cabeça, calafrios, alteração do volume urinário, conjuntivite e sangramento, é preciso se dirigir rapidamente à unidade de saúde mais próxima. Se o paciente foi exposto à lama, água da chuva, fossa, esgoto ou terrenos alagados, deve informar a situação ao profissional de saúde durante o atendimento, para facilitar o diagnóstico. A leptospirose pode levar à morte, portanto, quanto mais rápido for o atendimento, maior as chances de recuperação.
Foto: Bruno Concha/Secom