Antes escondidos em tons de cinza e tomados por limo, os arcos da Ladeira da Montanha, em Salvador, agora atraem olhares com cores claras, luminosas e harmônicas, mesmo com as obras de revitalização ainda em andamento. A pintura da fachada faz parte da requalificação estética do local, juntamente com a melhoria da iluminação pública e inserção de luminárias cênicas voltadas para os arcos. Já a estrutura interna será entregue totalmente reformada e com mezaninos para melhor aproveitamento do espaço.
As obras já melhoraram também as condições de habitabilidade e salubridade dos arcos, oferecendo mais conforto aos ferreiros, serralheiros e marmoreiros que desenvolvem essas atividades há muitos anos no local. Orçada em aproximadamente R$ 3,4 milhões, a requalificação faz parte de um conjunto de 35 iniciativas para a revitalização do Centro Histórico, que, juntas somam cerca de R$ 300 milhões em investimento.
As intervenções nos arcos estão sendo feita pela RC Restaurações e Construções Eireli, vencedora da licitação, sob a supervisão da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra). “As obras nos arcos da Montanha e nas Muralhas do Frontispício serão concluídas em outubro e integram o conjunto de iniciativas de recuperação do Centro Histórico, junto com a requalificação da Av. Sete de Setembro, a nova Rua Miguel Calmon, o Elevador do Taboão, as praças Castro Alves, Cairu, Marechal Deodoro, dentre outras. Essas intervenções estão devolvendo ao cidadão e aos turistas cartões postais importantes na história da cidade”, conta Luciano Sandes, titular da Seinfra.
A previsão de entrega e o resultado que já pode ser observado do visual têm deixado os artífices que ali trabalham animados e esperançosos. É o caso de Teomiro Rocha, de 33 anos, que começou a trabalhar como marmoeiro no local ainda criança, aos 9 anos de idade. “A obra tem evoluído de maneira impressionante, pois está ficando pronta praticamente em um ano. Graças a Deus está ficando ótimo. Fazia mais ou menos 35 anos que esses arcos não passavam por uma reforma, agora eu só tenho a agradecer”, conta. Segundo Teomiro, a profissão dele foi passada do avô para o pai, do pai para a mãe e da mãe para ele. Ele espera que, com a obra, o movimento no local aumente tanto por turistas como por soteropolitanos.
A Ladeira da Montanha é sustentada pelos arcos, que foram erguidos como pilares de apoio e hoje funcionam como galeria para os artífices. Esse conjunto composto por 17 arcos, com acesso pela Ladeira da Conceição da Praia, foi edificado no final do século XIX. Alguns dos serralheiros e ferreiros que lá trabalham, como José Adário, ficaram conhecidos por produzir peças para museus brasileiros e artistas de vários países.
Outras intervenções – Também estão em andamento a recuperação e requalificação da Muralha do Frontispício, um dos símbolos de fundação da cidade, e a reforma do Elevador do Taboão, que estava parado há 54 anos. A Muralha do Frontispício passa por obras cênicas e paisagísticas no trecho que se estende da Praça Castro Alves à Ladeira da Misericórdia e deve ficar pronta também em outubro.
Já o Elevador do Taboão voltará a funcionar, ligando o Pelourinho ao Comércio. As intervenções envolvem a restauração integral do ascensor, além de obras de modernização das instalações, buscando adequar a edificação às normas técnicas vigentes, inclusive de acessibilidade. O equipamento também contará com áreas de convivência com mesas, sanitários e café. O investimento é de R$3,7 milhões.
Foto: Bruno Concha/Secom