O Brasil superou a Itália nesta quinta-feira (4) e tornou-se o terceiro país com mais mortos no mundo pelo novo coronavírus, com 34.021, após registrar 1.473 falecidos nas últimas 24 horas, seu terceiro recorde diário consecutivo, de acordo com cifras oficiais.
Segundo país do planeta em número de contágios, atrás dos Estados Unidos, o Brasil somou 30.925 novos casos e registra 614.941 infectados, segundo o Ministério da Saúde.
A Itália tem 33.689 mortes confirmadas e 234.013 infecções por COVID-19.
Pelo terceiro dia consecutivo, o maior país da América Latina registrou um recorde diário de mortes, após contabilizar 1.349 na quarta-feira e 1.262 na terça.
As cifras do ministério só foram divulgados após as 22h00, sem qualquer explicação sobre o porquê. No início da pandemia, os dados eram informados às 17h.
Calculado por milhão de habitantes, o panorama no Brasil é, no entanto, menos dramático que o de outros países europeus: com 153,1, frente aos 557,2 da Itália e os 587,8 do Reino Unido.
Os estados com maior registro de óbitos são: São Paulo (8.276) e Rio de Janeiro (6.010).
Mas os com maiores índices de letalidade por milhão de habitantes são os das empobrecidas regiões norte e nordeste, como Amazonas e Ceará, cujos sistemas de saúde estão à beira do colapso.
Especialistas suspeitam que devido à falta de testes, os números de contágios e óbitos possam ser muito maiores no país.
Enquanto os países europeus conseguiram achatar a curva de contágios e reduzir drasticamente o número de mortos, o Brasil ainda não alcançou o pico da pandemia.
– “Nada indica que a curva diminuirá”
O presidente da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), Francesco Roca, disse nesta quinta-feira que o Brasil é uma das principais preocupações do organismo humanitário porque, devido à pandemia, “muita gente morre e nada indica que a curva diminuirá”.
Em entrevista à AFP, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, disse na quarta-feira que o Brasil “não temos uma curva (única)”, devido à diversidade de cenários em um país com dimensões continentais.
Vários estados e municípios, que no Brasil têm o poder de decisão em questões de saúde pública, já começaram a flexibilizar as medidas de quarentena, para desgosto de epidemiologistas e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No geral, as medidas de contenção da pandemia são menos estritas no Brasil do que as que vigoraram na maioria dos países europeus.
Além disso, à crise sanitária soma-se no país uma crise política.
Bolsonaro enfrenta abertamente vários governadores devido às medidas de quarentena, que considera uma ruína para o país e diz que “será pior o remédio do que a doença”.
Além disso, no núcleo duro do ‘bolsonarismo’ se estende a ira ao Supremo Tribunal Federal (STF), que está analisando vários casos que visam o presidente e seu entorno próximo, bem como pedidos de “intervenção militar”.
Isso provocou o surgimento de várias iniciativas suprapartidárias na sociedade civil “em defesa da democracia”, que se somam às manifestações “antifascistas” convocadas por grupos de torcedores dos principais clubes de futebol do Brasil.
Em sua live semanal ni Facebook, o presidente qualificou estes grupos de “terroristas” e bando de marginais, e pediu que seus seguidores não participem de protestos para evitar confrontos, como os registrados em São Paulo no domingo.
Por:AFP
Foto:AFP / Michael DANTAS