“Atenção! Bata na porta antes de entrar. Atividade de concentração e foco”. A mensagem escrita na entrada de cada sala do Atelier Escola de Lutheria (AEL) do Neojiba, localizado no bairro do Barbalho, em Salvador, não é em vão: a lutheria é a prática especializada em construir e fazer a manutenção de instrumentos musicais, e dá para imaginar o trabalho que isso requer.
“Cada luthier [profissional que trabalha com lutheria] é um médico. Nosso trabalho é minucioso, porque qualquer erro reflete no desempenho do instrumento”, explica David Matos, coordenador pedagógico de Lutheria do programa, que é vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS).
Segundo David, em 2008, no segundo ano de existência do Neojiba, 30% dos instrumentos do programa já necessitavam de algum tipo de reparo e, desde a época, não havia muitos profissionais especializados no mercado da Bahia e do Nordeste como um todo. Para além da parceria com luthiers de países como França, Suíça e Venezuela, era necessário tornar a atividade local.
Assim, em 2011, o Atelier Escola abriu as portas para receber seu primeiro aluno e, a partir daí, nunca mais parou. Com lutheria para instrumentos de sopros e de cordas, o AEL tem vivenciado uma série de reestruturações, como a do fim do ano passado, em que o objetivo passou a ser o de formar mais jovens e dar oportunidade para aqueles mais experientes.
“Não tínhamos ideia de que a lutheria seria um produto do Neojiba. Mas, assim como ela transformou minha vida, sei que essa oportunidade é incrível para os jovens, porque os coloca no mercado de trabalho para fazer algo único”, afirma o coordenador pedagógico.
Para ser um luthier do Atelier do Neojiba, é preciso, primeiro, participar de um processo seletivo via edital. Jovens baianos, de 15 a 25 anos, com conhecimento musical básico estão aptos a se inscrever, mas também é importante que os candidatos gostem de cuidar de seus instrumentos e tenham uma boa coordenação motora para passar pela avaliação prática da seleção.
Atualmente, o AEL possui 14 bolsistas no turno da manhã, aprendendo enquanto trabalham nos reparos e na construção de instrumentos musicais que chegam a custar entre R$ 400 e R$ 100 mil. As práticas são sempre acompanhadas por profissionais. Responsabilidade, atenção e dedicação são fundamentais durante o processo. Mais informações estão disponíveis no site da SJDHDS.
Fonte: Ascom/SJDHDS
Foto: Michele Brito/SJDHD