Autoridades discutem elaboração de documento em primeiro de uma série de eventos que vão acontecer este ano
A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis), promoveu mais um encontro para debater o Plano Municipal de Adaptação e Mitigação às Mudanças Climáticas, que teve seus trabalhos iniciados durante a Semana Latino-Americana e Caribenha sobre Mudança do Clima, em agosto de 2019. O evento ocorreu no Teatro Gregório de Mattos, nesta quarta-feira (15), e contou com a presença do prefeito ACM Neto e de estudiosos ambientais, representantes de instituições ecológicas e também da sociedade civil.
O documento deverá ser concluído no primeiro semestre de 2020 e precisará do forte envolvimento da população de Salvador. Ao todo, serão realizados 15 eventos voltados para divulgação de informações e engajamento. “O plano vem no contexto de uma série de medidas que a Prefeitura vem adotando na agenda de sustentabilidade. Já era um desejo antigo, desde que Salvador entrou no C40 e criou a estratégia de resiliência”, disse ACM Neto.
” A previsão é que tudo isso fosse consolidado e chegasse à maturidade justamente com a elaboração deste plano, que tem um viés de mobilização da sociedade e de definição de metas claras para os próximos anos. Nosso desejo é que, em 2049, ao completar 500 anos de fundação, Salvador tenha garantido a neutralidade na emissão do gás carbônico, o que é uma meta ambiciosa, pois envolve investimentos em várias áreas, dependendo da união do poder público, das instituições, da sociedade e do cidadão”, acrescentou o prefeito.
Ele disse que o plano qualificará os quadros da Prefeitura para que essas metas sejam atingidas, visto que Salvador assumiu, no Brasil, o protagonismo de defesa das medidas que possam mitigar e adaptar as cidades aos efeitos das mudanças do clima, fato que é reconhecido por organizações como a ONU, por exemplo.
A elaboração do plano envolve recursos da ordem de US$ 600 mil, resultado de financiamento do C40, do BID, a partir do Prodetur. “São quase R$ 2 milhões destinados a este projeto, que reunirá as principais cabeças do Brasil, algumas das quais presentes aqui neste primeiro ato. A ideia é ter um plano completo e uma visão de médio a longo prazo para a cidade”, reforçou o prefeito.
Adesão – A capital baiana foi a primeira cidade da América Latina a assumir compromissos com o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia, formado por para implementar políticas e ações para redução das emissões e adaptação das cidades aos efeitos das mudanças climáticas. O plano é uma das ações previstas no pacto.
Durante o evento, aberto ao público, o renomado cientista e climatologista brasileiro Carlos Nobre, um dos membros da equipe de consultores para o documento, afirmou que a capital baiana sai na frente das demais cidades brasileiras ao tratar as questões ambientais como prioridade.
“Simbolicamente, são poucas capitais brasileiras, com mais de dois milhões de habitantes, que realmente colocam a questão climática como prioridade. Salvador está em primeiro lugar no país, caminhando a passos largos com um plano que está sendo desenvolvido de forma séria e científica”, frisou o estudioso. Segundo ele, é de fundamental importância adaptar as mudanças climáticas da cidade a uma política local.
“É importante reduzir as emissões das cidades, mas fundamental mesmo é a adaptação. Salvador é uma cidade costeira. Por isso, já tem que se preocupar com o nível do mar que está aumentando, as ressacas se tornando mais fortes, as ondas de calor e os eventos extremos que causam estragos em Salvador. O clima está mudando e cidade precisa se adaptar as essas mudanças”, complementou Nobre.
Sensibilidade – Para o secretário da Secis, André Fraga, Salvador tem dado exemplos que tem um olhar muito sensível e atual para as questões ambientais. “O mundo tem vivido os grandes efeitos dos maus tratos ao meio ambiente. Toda a Austrália, Califórnia e perto da gente, a Amazônia, todas em chamas. Todas essas tragédias têm um elemento gravado pela crise climática. Salvador entendendo isso, começa a se preparar, dá a largada para o desenvolvimento do seu plano”, frisou.
O secretário pontuou ainda a importância da participação da sociedade civil no processo de elaboração do documento. “Precisaremos da população, de representantes de entidades e do máximo possível de especialistas e estudiosos, todos envolvidos. Afinal, esse não é um plano da Prefeitura, mas sim uma política que ficará de legado para a cidade”, disse Fraga.
Na programação do encontro de hoje também foram realizadas reuniões técnicas paralelas para instituições convidadas. O calendário com os demais eventos que serão realizados ao longo do ano será divulgado posteriormente. Com execução prevista para nove meses, o plano tem, além de todo o arcabouço técnico e institucional, uma estratégia de comunicação e mobilização de atores locais diversos: sociedade civil, órgãos públicos, empresas e técnicos especializados.
O plano será desenvolvido por um consórcio formado pela WayCarbon, ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade e a ONG internacional WWF, além de uma equipe de consultores e do apoio local da Aganju Sustentabilidade. Os recursos são do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), através do Prodetur, e do Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima.
Por:SECOM
Foto: Max Haack/Secom