A Prefeitura-Bairro Subúrbio/Ilhas, em Paripe, recebeu nesta terça-feira (7) o projeto piloto CRAM em Movimento, que promove um momento de bate-papo esclarecedor sobre diversos temas que envolvem violência contra a mulher. Desenvolvida pela Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), a iniciativa volta a acontecer na unidade nos dias 14 e 21, sempre às 9h. Até março, o projeto chegará às Prefeituras-Bairro Liberdade/São Caetano e Centro/Brotas.
Durante o encontro, a titular da SPMJ, Rogéria Santos, explicou que o CRAM em Movimento – cujo nome faz alusão aos Centros de Referência e Atendimento à Mulher em Salvador, a exemplo do Loreta Valadares, nos Barris, e do Irmã Dulce, na Ribeira – tem o objetivo de formar multiplicadoras na prevenção à violência contra a mulher. “Muitas de nós, hoje, fomos criadas num contexto de violência, mas não identificávamos. Víamos como uma coisa normal, por exemplo, o homem gritar, puxar cabelo ou dar empurrão na mulher. Daí a importância de conscientizar educando”, frisou.
A secretária ainda destacou que a violência doméstica e familiar faz parte de uma cultura que está enraizada na formação da sociedade, mas que é possível provocar a ruptura desse paradigma. “Por isso há a necessidade de os homens também participarem dessas rodas de conversa, dessa discussão, para que eles possam entender e nos auxiliar. É uma luta não só da mulher, mas da sociedade, para mudar todo esse panorama de violência”, complementou.
Ação – A região do Subúrbio encabeça o relatório de ocorrências policiais de agressões e abusos contra o público feminino na capital baiana, de acordo com a SPMJ. Este, portanto, foi o motivo pelo qual o CRAM em Movimento foi designado para começar na Prefeitura-Bairro da localidade.
“Estamos atacando as áreas onde os índices de violências estão maiores. Existe a dificuldade do transporte, do deslocamento e por isso estamos indo nas unidades administrativas para quebrar essas barreiras e deixar as mulheres à vontade numa roda de conversa olho no olho”, disse Rogéria.
Depois de participar do bate-papo, a fisioterapeuta Bruna Santana, 32, conta que saiu com outra mentalidade: “Cheguei aqui dizendo que nunca tinha sofrido violência. A gente pensa que só existe a física, com socos etc, mas quando começaram a falar percebi que já fui alvo de violência doméstica. Uma vez, quando eu estava de saída com meu marido, ele me mandou trocar de roupa porque ela ‘não estava adequada’”.
A pintora Adriana Falcão, 34, revelou que rompeu um relacionamento de três meses após o companheiro ameaça-la com agressões “Terminei imediatamente porque para mim não servia mais conviver com alguém assim. E olha que o conhecia desde a infância”.
Depois do projeto CRAM em Movimento, a SPMJ vai inaugurar o “cantinho da mulher” nas prefeituras-bairro da cidade. Nesses locais, equipes multidisciplinares que atuam nos centros de referência do município farão atendimentos e até encaminhamentos para outros serviços sociais. Os técnicos das unidades administrativas também receberão capacitações.
Por:SECOM